2023-03-18

 



Um remate fenomenal

 

*Sporting eliminou o Arsenal em Londres

 

Antunes Ferreira

Sentado no meu sofá preparei-me para uma verdadeira “degola de inocentes” porque no habitual derrotismo português o meu sportinguismo estava pelas ruas da amargura depois do empate de 2-2 no estádio de Alvalade frente ao Arsenal – o líder da lPremier League inglesa, considerada a melhor do Mundo.

 

Como não posso beber o meu uísque preferido, o Bushmills – nem qualquer outro por via dos medicamentos que tomo quotidianamente, muni-me de um ice. Tea sem açúcar, estendi as pernas e só não me benzi pois como costumo dizer e escrever fui católico, mas curei-me. Os dados estavam lançados e veríamos o que “aquilo” ia dar. Felicidade – nem pensar.




 

O jogo começou com o Arsenal – aliás como lhe competia – a tentar resolver a partida tão depressa quanto possível, mas pelo que estava a ver, o meu Sporting estava no relvado do Emirates Stadium decidido a vender cara a possível. E previsível derrota. Os comandados de Ruben Amorim traziam bem estudada a tática para dificultar ao máximo os gunners (para quem não saiba é o nome no jargão futebolístico dado aos jogadores arsenalistas).

 

Mas – há sempre uma miserável adversativa para dar cabo da ilusão que se apossara do assistente cada vez mais admirado da prestação dos leões – eis que ao minuto 19 um tal Granit Xhaka, um suíço de má memória para as equipas lusitanas arrancou um remate indefensável em recarga com a baliza aberta depois de Adán ter rechaçado um primeiro remate. Estamos feitos pensei para com os meus botões. O resultado “agregated” entre Lisboa e Londres era 3-2.

 

O futebolista comemorou o tento com um gesto de escárnio agitando os dedos da mão direita apoiados no nariz como que gozando antecipadamente com os lusos irremediavelmente eliminados. E, na verdade tudo indicava que assim iria acontecer. O Arsenal estava na mó de cima e o Sporting parecia muito abalado. Mas não era bem assim. Os verde-e-brancos não atiraram com a toalha ao chão.

 

O intervalo chegou e eu mudei de canal para ver um pouco de policial e desanuviar. No fundo, não me restava uma esperança fundada, mas às vezes, enquanto o diabo esfrega um olho… Regresso à transmissão da partida e noto – ou penso notar – que os jogadores leoninos vêm com um ânimo de antes quebrar que torcer. Boa, penso, atitude não lhes falta – o que lhes falta são golos...




Batendo-se com denodo e pundonor os leões não davam mostras de inferioridade perante os líderes do campeonato inglês. E de repente, o espanto: do meio-campo, aproveitando um ressalto da bola feito por Paulinho, Pedro Gonçalves entrou para a história do futebol português e quiçá para o europeu. Levantou a cabeça e percebeu que o guarda-redes do Arsenal, Aaron Ramsdale, estava adiantado em relação à baliza e aplicou um remate inacreditável que resultou num golo fantástico! Fenomenal! Estava feito o empate, Da partida e da eliminatória. Eu nem queria acreditar. Mas era mesmo assim.

 

Depois foi o arrastar dos noventa minutos mais uns quatro de ajuste e o resultado não se alterava. Eu sofria, nunca tendo pensado anteriormente que tal me aconteceria. Recorreu-se então ao prolongamento de mais trinta minutos e ninguém conseguia acertar nas balizas. Só restava a lotaria dos penaltis.

 


Cinco para cada lado como estipula a norma. Os quatro primeiros quer do lado do Arsenal – por sorteio o primeiro a rematar – quer do Sporting resultaram em golos. Porém ao quinto, Gabriel Martinelli atirou por forma a permitir a defesa de Adán! Que, de resto, tinha feito um jogo extraordinário defendendo tudo o que era possível e até o “impossível”… Faltava o quinto do Sporting. Eu já estava de pé quando Nuno Santos arrancou para a bola e com um chuto certeiro eliminou o Arsenal no Emirates Stadium! Hurra!  Ultra!! Como escreveu o “Mais futebol” há mais de vinte anos que os ingleses não ganham um troféu europeu.

 

Esta crónica foge ao habitual, mas o meu sportinguismo justifica a alteração. Pelo menos do meu ponto de vista, No momento em que escrevo este texto já se sabe que nas meias finais o Sporting irá defrontar a Juventus. Um novo desafio, um outro obstáculo que terá de ser ultrapassado se os leões quiserem chegar à final e – quem sabe, no desporto-rei tudo é possível? – ganhar a competição europeia.

 

Mas aqui entra um factor que não pode ser ignorado: as previsões. Ninguém – nem mesmo a Pitonisa de Delfos – se atreveria a antever o resultado registado no Emirates Stadium. As apostas iam todas no sentido da vitória do clube treinado por Mikel Arteta. Por isso, depois do empate em Alvalade (2-2), tudo se inclinava para um resultado na segunda mão que ditasse o afastamento dos lisboetas.

 

Ficou célebre nos anais do futebol a frase do jogador João Pinto do Futebol Clube do Porto quando lhe pediram para fazer uma previsão duma determinada partida. “Previsões.. só no fim do jogo…”

 

 

2023-03-11


 

Deste velho cacilheiro

 

*Mas o Tejo é sempre novo

 

Antunes Ferreira

 

Andava eu pelos meus oito anitos quando o meu tio e padrinho Armando Antunes (do lado da minha mãe), primeiro-sargento da Força Aérea – então dizia-se da Aeronáutica –  me inoculou com o vírus leonino o que me causou a “maleita” que continuou até hoje e irá (como costumo dizer) até ao forno crematório. A esse baptismo seguir-se-ia uns bons anos depois, o crisma cujo padrinho foi para mim o melhor presidente que nós leoninos tivemos na minha vida: 



João Rocha. De cor política antagónica mas isso nunca obstou que conservássemos uma óptima Amizade. Reservo-me para outra ocasião para contar a nossa comum “odisseia” sem Homero.

 

Basta de divagações e voltando ao meu tio e padrinho, lembro-me perfeitamente, como se fosse hoje, de no dia em que fiz os já citados oito anitos, além de me dar uma caixa de lápis de cor Faber Castell me te perguntado o que eu queria ser quando fosse grande. Os temas aéreos estavam na berra na família, o meu tio Jacinto Paiva Simões casado com a única irmã da minha mãe, a querida tia Lurdes era capitão aviador reformado.

 

Daí que a resposta fora imediata: “Quando for grande quero ser aviador!” Os meus tios Armando e Virgínia tinham aprazado com os meus pais um almoço num restaurante de Cacilhas. Por isso metemo-nos no Morris Minor HÁ-17-63 (verde-alface) que o meu pai Henrique Silva Ferreira acabara de comprar, tomámos um cacilheiro e ala que se faz tarde rumo a umas ameijoas à Bulhão Pato, qu’eu cá não era disso, por isso enquanto os casais tiravam a barriga de misérias com uns lagostins e duas santolas recheadas fiquei-me por belo bife com um ovo estrelado a cavalo e batatas fritas. No fim houve bolo com oito velas mas o que me deslumbrou (e até hoje isso acontece) foi uma estrondosa musse de chocolate!

 

Os ponteiros do relógio do tempo são uns maganos: não param; antes era porque não se dava corda ao instrumento; hoje é que a pilha deu o berro. Nunca mais dera por mim a pensar na viagem no cacilheiro. Mas a Raquel e eu fomos à revista no Maria Vitória e eis senão quando apareceu em cena o meu amigo Zé Viana vestido de marujo que cantou o Fado do Cacilheiro que eu sussurrei entre dentes para não incomodar a plateia: 

 


«Quando eu era rapazote
Levei comigo no bote
Uma varina atrevida
Manobrei e gostei dela
E lá me atraquei a ela
Pro resto da minha vida.

 

Às vezes numa pessoa
A idade não perdoa
Faz bater o coração
Mas tenho grande vaidade
Em viver a mocidade
Dentro desta geração.

 

Sou marinheiro
Deste velho cacilheiro
Dedicado companheiro
Pequeno berço do povo.


E navegando
A idade foi chegando
Ai… O cabelo branqueando
Mas o Tejo é sempre novo.

 

Todos moram numa rua
A que chamam sempre sua
Mas eu cá não os invejo
O meu bairro é sobre as águas
Que cantam as suas mágoas
E minha rua é o Tejo.

 

Certa noite de luar
Vinha eu a navegar
E de pé junto da proa
Eu vi ou então sonhei
Que os braços do Cristo-Rei
Estavam a abraçar Lisboa.

 

Sou marinheiro
Deste velho cacilheiro
Dedicado companheiro
Pequeno berço do povo.


E navegando
A idade foi chegando
Ai… O cabelo branqueando
Mas o Tejo é sempre novo
»

 


No final da revista fui aos bastidores onde o Zé não queria acreditar que era eu que ali estava. O abraço que trocámos foi mais um abração. A PIDE, como sempre, andava na sua peugada. “Continuam a ser uns filhos-da-puta! Não sabem ser outra coisa! Imagina tu, Henrique, que quiseram cortar o cacilheiro porque era subversivo!” E soltou uma daquelas suas gargalhadas. Das que até se ouviam na… António Maria Cardoso!



 

2023-03-05

  

 

 

Uma estória de convento

 

*Uma feira, duas freiras e um homem

 


Antunes Ferreira

Como era habitual, a madre superiora encarregava as irmãs Maria da Piedade e Maria da Purificação (esta oriunda duma das c colónias que os portugueses tinham tido em África) de ir à vila no da feira para vender os produtos que o convento produzia desde doces e compotas, peças de artefacto religioso até ovos das galinhas poedeiras que cuidavam com a maior atenção e até, podia dizer-se, carinho.

 

Era uma fonte de receita que suplantava as ofertas das missas dominicais que o capelão, o padre Constâncio, já com os seus sessenta e muitos, rezava e que era aberta a quem nela estivesse interessado. Mas os tempos estavam difíceis e os fieis iam-se reduzindo e consequentemente os respectivos óbolos também; além disso, o tempo não perdoava e a média dos anos levava ao envelhecimento dos assistentes.

 

O país envelhecia, a terceira idade, as rugas, os cabelos brancos, as calvas, as bengalas, os bordões, até mesmo as muletas eram prato frequente na celebração e até havia quem viesse em cadeira de rodas empurrada por familiar mais chegado. Daí que a receita recolhida ia minguando e por isso a venda dos produtos da feira era indispensável e inquestionável. Igualmente as vocações sacerdotais sofriam uma diminuição o que levava a que os padres cada vez eram mais velhos e tinham de acorrer às diversas necessidades de várias ordens e paróquias .

 


Regressavam da feira onde tinham banca montada graças ao auxílio do senhor Mendonça negociante de queijos e enchidos, com a bolsa recheada – o dia fora bem-sucedido. Como não tinham arranjado boleia vinham a pé conversando, aliás a distância não era grande. De repente a irmã da Piedade disse em voz baixa para a outra feira se esta tinha reparado que um homem as seguia.

 

Na verdade, assim era. As freiras estugaram os passos mas o homem fez a mesma coisa. Aí a irmã Maria da Purificação, aproveitando uma curva do córrego, sussurrou à sua companheira: “Ali adiante há um bifurcação. Sugiro que cada uma de nós siga por uma delas. Eu levo a bolsa do dinheiro e vou pela direita que chego mis depressa ao convento.”  

 

E assim fizeram. Entretanto o Sol ia caindo e ao chegar ao mosteiro a irmã portadora da “massa” foi massacrada de perguntas sobre o motivo do atraso. A madre superiora estava preocupadíssima com o passar das horas e após ouvir a versão da estória pensou alertar a Guarda Republicana sobre o desaparecimento da irmã Maria da Piedade.

 

Já caía a noite e se preparava para fazer a chamada par a GNR  quando apareceu a freira faltosa tranquila ainda que um tanto ofegante. As perguntas fora múltiplas, todo o convento reunido em buca do que acontecera, aventando a hipótese mais negra. O canalha abusara da freira? Ele há homens capazes de tudo, o diabo anda à solta por ai, ninguém pode dizer que está seguro

 

A monja sossegou a assembleia das suas irmãs. E contou o que se passara. Com certeza o seu Anjo da Guarda (que não da Republicana…) a acompanhara naquele transe pois a ameaça não dera em nada. Mas que houvera ameaça, lá isso houvera. Um silêncio d cortar à faca estabeleceu-se entre as assistentes.

 

E foi a madre superiora que o quebrou: “Minha irmã acabe com essa estória, que Deus, nosso Senhor, sabe o que se passou, mas nós não!” E a irmã Maria da Piedade concluiu: “O homem apanhou-me, tentou ficar com o dinheiro com maus modos, mas vendo que eu não o tinha soltou um gargalhada bestial e disse-me que nunca «comera» uma freira e estava na altura de o fazer!”





 E então? “Mandou-me arregaçar o hábito enquanto baixava as calças. Foi então que desatei a correr e cheguei aqui ao convento sã e salva! “ Um murmúrio de alivio  fez-se sentir enquanto a freira terminava: “Uma freira com o hábito  arregaçado corre muito mais do que um bandido com as calças em baixo!” 

2023-02-26

 


Uma moldura dourada

 

*Do campo à construção civil

 

Antunes Ferreira

Ná, amanhar a terra não era pra ele essa era que era essa e que viesse o mais pintado dizer-lhe o contrário, passar-lhe as mãos pelo lombo, segredar-lhe aos ouvidos falinhas mansas e logo veria qual a resposta que receberia. Porra! Seria o menos agreste porque a alternativa rondaria termos que fariam corar um árbitro de futebol objecto de calorosos insultos dos espectadores do estádio quando marcara um penalti contra os donos da cada no último minuto do prolongamento de sete minutos.

 

Silvério dos Santos Segismundo, para os amigos o Triple Esse, herdara dos pais – falecidos num desastre de avião quando iam passar férias a Punta Cana, na altura da aterragem, só se conseguiram identificar pelos registos dentários – umas leiras de terreno a atirar para o grandote onde vicejava uma cevada dística, outras com macieiras, pereiras, figueiras e até diospireiros e ainda uns vinhedos.


 

Porém, desde criança que nada daquilo lhe despertava o menor interesse para grande consternação dos pais Manuel e Palmira Segismundo que não viam nele nem o sucessor das terras que iam comprando aos vizinhos para aumentar o pecúlio, nem muito menos, o filho, aliás único, disposto a dar-lhes – pelo menos e não era pedir muito  - um neto que perdurasse o nome da família.

 

Silvério era o que se pode dizer um farrista nato. Dormia de dia e vivia de noite. Moças era um vai-e-vem delas, loiras, morena, assim-assim, mas todas a puxar para a brincadeira, nenhuma apontada pra a igreja ou quando muito para o registo civil. Despiam-se naturalmente, faziam o que lhes dava na real gana, o Silvério era um gajo fixe, pagava uns copos, usava camisinha, tudo bem.

 

Feito o funeral com o que supostamente restava dos corpos, o Três Esses pôs-se em campo para se desfazer das propriedades o mais brevemente possível. Na vila sede das terras encontrou vários interessados e em pouco tempo realizou negócio. Juntou os seus pertences meteu tudo numa mala de rodinhas e num saco de mão, despediu-se de quem bem entendeu e ala para Lisboa, no intuito de começar uma vida nova.

 

Habilitações não eram muitas apenas completara os doze anos do ensino elementar e não estava interessado em abrir um estabelecimento pois não se achava interessado (nem tinha queda) para o comércio. Depois de arrendar um andar na Alta de Lisboa – talvez viesse a comprar um outro mais espaçoso, dependendo da forma como a vida lhe correria – entrou em contacto com um primo (afastado) de seu nome Julião Matias Moreira, da mesma aldeia e que também viera tentar nova vida na capital.

 

A pandemia tinha aparentemente passado já não se usava a maldita máscara e foi de cara descoberta que se encontraram num restaurante para almoçar e trocar opiniões. Julião estava bem na vida dedicara-se à construção civil e conseguira ultrapassar a Covid 19 sem grandes danos ainda que nem tudo tivesse sido rosas “e como sabes Silvério todas as rosas têm espinhos…” Mas, enfim, com muitos despedimentos à mistura, o imbróglio podia ter sido muito mais fodido!”




 

Conversa puxa conversa e o recém chegado deu por si a propor ao primo se não lhe calharia bem  entrada de umas massas para aumentar o capital da empesa que passaria a ser uma sociedade. Julião achou muito interessante a proposta do primo e ficou de a estudar juntamente com os seus advogado e contabilista, depois de ter conhecimento do montante em euros que o Silvério estava disposto a colocar.

 

Combinaram um jantar com todos presentes e as opiniões foram no sentido de que a concretização da ideia tinha pés par andar. Restava saber qual a situação da “Sempre a Construir” – a empresa do Julião – em termos financeiros pois uma coisa era a palavra do proprietário, outra eram os papéis da firma, os dos bancos com os quais ela trabalhava, enfim qual a situação no mercado e finalmente se se chegasse a bom porto qual a posição que o Silvério assumiria.

 

Tudo se resolveu – e a bem. As construções (que, aliás, nunca tinham estado totalmente paradas) recomeçaram e em breve retomaram a actividade em força. Silvério descobrira pela primeira vez na vida, que estava no que gostava de fazer e era vê-lo todos os dias nas obras falando com os capatazes, convivendo com os pedreiros, estucadores, carpinteiros pintores e até com os serventes.

 

Os resultados foram-se sucedendo num crescendo cada vez melhor e a sociedade ia de vento em popa; os bancos avançavam com os avales aos empréstimos e a carteira de títulos engordava a olhos vistos, os fornecedores dos materiais de construção não punham quaisquer reticências na entrega atempada de tijolos, de cimento, de vara de aço, de tudo o que era necessário para erguer um novo edifício de uma recente urbanização.

 


A divulgação das actividades da empresa carecia de alguém que percebesse do assunto e portanto o Silvério, através de um cliente, entrou em contacto com uma agência de publicidade a “Estamos na Onda” onde conheceu a responsável pelos assuntos referentes à construção civil, uma morena de 26 anos, divorciada, com todas as curvas no devido lugar, um par de pernas de fazer parar o trânsito a um cego e outro par mais acima, sum usar sutiã. E que nádegas! Dois meio hemisférios redondinhos e firmas! E quanto a palminho de cara, Deus e os pais dela tinham acertado em cheio!

 

Chamava-se a joia Madalena Figueiredo Ramalho, era licenciada pela Universidade Lusíada e livre como um passarinho saído da gaiola. Combinaram um almoço de trabalho para se darem a conhecer e ele explicar-lhe o que pretendia da agência e, em especial dela. O repasto decorreu no melhor dos mundos e ficou logo aprazado um novo encontro para a Lena (ela preferia que ele assim lhe chamasse) lhe apresentar um plano d trabalho.

 

Ora acontecia que Silvério na sequência dos encontros com potenciais associados começou a pensar que a sociedade com o primo Julião andava por bons caminhos mas que ele podia bem assumir uma empresa própria que lhe rendesse mais dividendos. E numa das reuniões com  a Lena expôs-lhe a sua ideia – e para espanto ela achou-a com pés para andar. Daí a uma conversa com o sócio que resultou numa separação amigável tanto mais que o Silvério, homem de palavra assegurou que não roubaria quaisquer clientes à sociedade.

 

Desta maneira Silvério tratou de avançar com a ideia no que foi ajudado pela Lena. Esta, face às novas solicitações, deixou a agência de publicidade para se dedicar à instalação do novo empreendimento. Julião percebeu a jogada e aceitou-a, tanto mais que o sócio lhe prometia que não roubaria quaisquer clientes. E Silvério era homem de uma só face, honesto e cumpridor. Os encontros entre Silvério e Lena deixaram de ser esporádicos – passaram a ser quotidianos. Dos planos de trabalho, dos almoços a dois, de repente estavam o apartamento do Silvério na cama.

 


Noites tórridas de pele contra pele, tal como tinham vindo ao Mundo – mas obviamente mais crescidos. Ela revelava-se um portento e ele acompanhava-a no desvario que se prolongava pela madrugada. Lena mudara-se para o apartamento do Silvério e entre as caricias empolgantes iam empurrando a nova empresa que em boa hora nascera pois os resultados estavam à vista.   

 

O escritório rapidamente se alargou com a entrada de novos colaboradores a quem os proprietários pagavam acima da média do mercado e proporcionavam regalias para os manter satisfeitos e com bons resultados. Já Silvério e Lena pensavam em abrir uma delegação no Porto e talvez noutras cidades do país, quiçá meso na Madeira e nos Açores.

 

Pensavam em ter filhos, mas para já não, o trabalho ocupava-os os dias e as noites eram um hino ao amor galopante, descobrindo-se cada vez mais, havia sempre uma novidade sensual, e quando no fim de mais um corpo a corpo, suados, estendidos na cama, lado a lado, tocando beijos e tocando-se nos pontos mais sensíveis eram a imagem da satisfação sexual e emotiva.

 

Por essa altura decidiram que o T3 já não satisfazia as suas necessidades. Precisavam de dar encontros com amigos, clientes e potenciais compradores de casas em urbanizações em que se tinham especializado. Donde decidiram mandar construir uma vivenda grande com três pisos, garagem para quatro viaturas, piscina e até court de ténis. Só o salão dava para 50 (por extenso cinquenta) pessoas.

 

O miminho da mansão – pois com tal dimensão e atributos como se lhe havia de chamar? – era a casa de banho do quarto do casal uma suite toda em mármor branco e preto, com a sanita e o bidé em porcelana Roca e todas as ferragens desde as torneiras até ao chuveiro (à parte) em metal dourado. Com jacúzi incorporado, naturalmente e com o chuveiro em diversas opções. Uma maravilha.

 


Decidiram – ainda que faltassem uns pequenos arranjos, nada de especial – passar a primeira noite em casa para fruir dela com uma noite de loucura desenfreada, sem regras nem limitações Mal pensavam para o que lhes estava guardado. O próprio Silvério dava uns toques aqui e ali. Quando chegou à casa de banho decidiu pintar de dourado o assento e o tampo da sanita para condizer com os metais. E assim meteu mãos à obra. Ainda acabava de pintar o aro da sanita r deixava-o secar e por isso pegou na lata de tinta e no pincel e dirigiu-se à garagem onde tinha montado uma mini oficina.

 

Nisto tocou o telefone fixo, ou melhor uma das extensões que havia pela casa. Atendeu: era um fornecedor de materiais de construção com o qual iniciou uma longa conversa. Entretanto a Lena preparava uma campanha sobre a abertura da futura delegação na cidade invicta. E, como aliás era hábito dela, o local mais recolhido e sossegado era a casa de banho. De resto era domingo e ninguém a iria incomodar.

 

Sentada calmamente na sanita, depois de fazer um xixi começou a ler os apontamentos que tinha com ela e de tal modo se embrenhou no tema que os minutos foram passando enquanto ela de esferográfica i anotando na margem das folhas novas ideias e corrigindo outras. Sentia-se bem consigo mesmo e o trabalho corria-lhe às mil maravilhas.

 

Porém quando pôs um ponto final nas laudas de papel e ia levantar-se não conseguiu fazê-lo. Ó diabo, estava colada pela tinta dourada ao aro da sanita. Bem se esforçou para se levantar, mas nada. Chamou pelo Silvério, porém este agarrado ao telefone e ainda por cima na garagem não a ouvia. Só meia hora depois e após muitos gritos ele apareceu e espavorecido tentou levantá-la da sanita. Debalde.

 

Silvério tentou desenrascar-se, foi buscar uma chave de parafusos, desenroscou o aro da sanita e levou cuidadosamente pela mão a sua Lena para o quarto do casal e disse-lhe para se deitar de barriga para baixo enquanto ele ia tomar as necessárias providências para resolver o berbicacho. Foi ela que lhe lembrou que no frigorífico duplo da cozinha estava preso com um imã um anúncio/aviso distribuído pelas caixas dos correios.

 

Rezava assim: “Manuel Varandas. Vai a casa com deslocações pagas sete dias por semana. Encarrega-se de assuntos diversos desde reparações de electrodomésticos até instalações eléctricas, alvenaria, canalizações e outros. Contactos: Dois números de telefone, um fixo, outro telemóvel”. Silvério ligou-lhe e disse-lhe que o assunto era delicado, pouco dado para falar ao telefone e que pagaria o que fosse necessário para que o homem viesse o mais rapidamente possível.



 

“Dentro de uma hora, o mais tardar, estou aí.” E o prometido foi cumprido. Levado ao quarto do casal o Varandas perante o quadro que se lhe deparava disse para o Silvério: “O senhor vai desculpar-me o comentário. Concordo que o traseiro é muito interessante; mas daí a emoldurá-lo acho um tanto exagerado…”

 

 

 

 

 

 

2023-02-19

 


Da piscina ao tapete

 

*Dois japoneses que adoptaram Portugal

Antunes Ferreira

Para muito boa gente que custa a acreditar mas não é fantasia, é a mais pura verdade: já fui nadador de competição oficial; mas em contrapartida tentaram que fosser judoca e falhei miseravelmente. Deus dá nozes a quem lhes faltam os dentes. A intimidade com a água, incluindo a engarrafada com e sem bolhinhas, levou-me recentemente e por mero acaso a assistir na TV em directo a competição em Roma dos saltos da prancha dos dez metros nos Campeonatos da Europa.

 

Repimpados os dois Ferreiras/reformados íamos admirando as proezas dos jovens atletas e eu não me contentava apenas em mirar cuidadosamente o plasma: atribuía em voz alta os pontos classificativos que daria a cada concorrente. E quando no ecrã apareciam os resultados dados pelos jurados não é que eu acertara em quase noventa e picos por cento? Ah, a bolsa aquosa a cada salto dizia “presente!” Resquícios, quiçá do líquido amniótico?

 

No final da transmissão telefonei ao Pedro Vasconcelos que fazia parte da equipa de quatro estilos por cem metros iniciados do Sport Algés e Dafundo. Ele nadava costas, eu bruços; o Victor Matos mariposeava e o Chico Tomás fazia o crawl. O Victor para fugir à guerra colonial desertara para o Brasil então presidido por   Juscelino Kubitschek, quem mandou construir a nova capital Brasília. A trabalhar nas obras dela o nosso amigo e ex-colega de equipa viria a falecer vítima de acidente com um tractor.




 

Comentámos a prova de Roma e voltámos ao nosso tempo. Daí a lembrarmo-nos do Shintaro Yokoshi /que acabara de falecer) foi um salto de… pulga. A sua chegada à noite ao estádio/piscina (de 33 e pozinhos metros) foi um verdadeiro espectáculo. Tinha 22 anos, era um Zé Lingrinhas, mas fora campeão no seu país, o do Sol Nascente, como se dizia. Contratado para treinador dos atletas do Algés e Dafundo, foi sentar-se na bancada acompanhado duns tipos da direcção do clube e dum japo-brasileiro há muito residente em Portugal a servir de intérprete, embora Yokoshi, licenciado em Economia falasse inglês.

 

Descoberto pelos assistentes à competição (em que eu participava) os jogos da JEUSES Jeunes Sportives de l’Europe du Sud, começaram os pedidos altissonantes para que ele fizesse uma exibição dos seus dotes. Shintaro levantou-se, foi ao vestiário, pôs uns calções, subiu ao marco de partida, ao seu lugar, pum, quatro vezes cem metros nos quatro estilos, todos batendo por larga margem os recordes de Portugal! O estádio/piscina só não veio abaixo porque os alicerces eram basto sólidos…

 

O treinador japonês que sobreviveu à bomba atómica na cidade onde vivia como criança com a família, Nagasaki, foi-se deixando ficar numa terra que desconhecia. Estranhou mas habituou-se ao bacalhau e ao caldo verde. Casou e teve filhos com uma portuguesa. Ficou para "vingar" no trabalho, o que só aconteceu mais de 20 anos depois, quando o próprio filho, Alexandre Yokochi, também ele nadador, se sagrou finalista Olímpico em Los Angeles (1984).

 

Lanceiros 2 na Calçada da Ajuda da arma da cavalaria foi o quartel onde assentei praça como cadete miliciano. Aliás as primeiras semanas passeias acampado com mais outros cadetes e moços destinados a futuros furriéis milicianos – em tendas de três panos para três desgraçados e palha como cama comum. Rica vida castrense.

 

Findas as férias” junto ao Atlântico (a que nunca pusemos os olhos em cima, trotámos em marcha acelerada com todo o equipamento às costas a marginal até parar no ansiado quartel. Julgava eu e (ilusão ingénua) mais os noventa maçaricos, ou seja aos novatos fardados que iriamos ter uns momentos mais “suaves”. Estulta esperança; ninguém sabia os tormentos que nos estavam guardados – entre os quais uma instrução de judo!



 


Aí estava o busílis da merda. O instrutor especialmente convidado pelos manda-chuvas do Exército era um tal Kiyoshi Kobayashi Já na altura era uma celebridade. Médico de profissão, fora quem tratara o nosso campeão e herói nacional Carlos Lopes a uma lesão no tendão de Aquiles ainda antes de este se ter sagrado campeão olímpico, em 1984.

 

Chegara nesse ano mas ficaria para sempre no nosso país. Mestre Kobayashi, uma das mais altas graduações da Modalidade – 9º Dan, foi um dos grandes responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento da modalidade em Portugal, sendo conhecido inclusive como “o pai do judo português”. Foi Selecionador e Treinador da Equipa Nacional e acompanhou-as em Campeonatos da Europa e do Mundo, assim como nas edições dos Jogos Olímpicos de Montreal (1976)Los Angeles(1984)Seul (1988).

 

Quando chegou a minha vez de ir para o tapete onde se encontrava o Mestre japonês o meu macacão estava molhado de suor. Os primeiros passos só pra aqueceres escaparam; mas quando o sacrista m atirou ao chão apenas com um golpe de braço e perna doeu-me pra burro. Levantei-me vermelho que nem tomate,

 

Assistiam vários oficiais às demonstrações entre os quais os comandantes do meu pelotão e do esquadrão a que pertencia. Galhofa. Risada geral. E Kobayashi: “Este não presta, é merda.” Não sei como se diz filho-da-puta em japonês, mas chamei-lho – em português, alto e bom som!!!! Três fins-de-semana sem ir a casa.

 


Mais tarde, antes de terminar o primeiro ciclo do COM, o Curso para Oficiais Milicianos, pedi ao Shintaro Yokoshi, de quem ficara bom amigo, para me escrever em japonês aquela expressão  que “remetera” ao compatriota judoca. O treinador deu uma gargalhada (já era meio portuga…) e alertou-me: “É assim. Mas quando pedires suschi num restaurante japonês não lhe chames assim 

クソ野,e óbvio, concordei.

 

 

2023-02-11

 Ainda o Mundial do Qatar

 

* Onde "também aparece" a China ...

 


Mais uma contribuição do Alberto Guimarães que revela a intervenção no Mundial 2022 no Qatar dum país que cada vez mais é uma grande potência no palco do Mundo. O recente episódio do balão/espião chinês abatido por um caça F - 22 Raptor, trouxe à cena aquilo que já o nosso Eça de Queiroz rotulava de “perigo amarelo”. Premonitório?

Antunes Ferreira

Os tempos do Mundo dividido entre duas grandes potências já deram o que tinham a dar? Sem recuarmos muitos séculos na História salta à evidência o tratado de  Tordesilhas entre o reinos de Portugal e da Espanha unificada com os reis Católicos, que contemplava as terras descobertas e ou conquistadas pelos navegadores e militares dos dois reinos.

 

Mas aí ainda se registava o papel predominante do papado. A autoridade dos papas levava que estes através de bulas determinassem se os acordos (e foram vários antes de se alcançar Tordesilhas) eram ou não válidos em conformidade com o direito eclesiástico. Bem, não fora exactamente assim; como em todas as negociações nos bastidores reinaram os “arranjinhos”, o “disse-que-disse-mas-não-disse”, as intrigas, a corrupção enfim. Zangam-se as comadres…

 


Salte-se, agora no tempo para se chegar às conferências de Yalta e Potsdam onde os chefes dos governos dos Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética no pós II Guerra Mundial dividiram a Europa (e o Mundo) em zonas comunistas e não comunistas. Estava iniciada a Guerra Fria, onde a meaça nuclear estabeleceu um “equilíbrio” precário, mas também subsistiram conflitos armados e bem sangrentos por todo o Mundo com ameaças reciprocas.

 

De qualquer forma, este orbe terráqueo em que vivemos (ou melhor sobrevivemos) habituou-se à existência de duas superpotências que se foram armando cada vez com maior poder de fogo, acentuando-se assim a dicotomia simplista entre o “BOM” e o “MAU”. Entretanto outros países foram adquirindo a tecnologia nuclear e fabricando as suas próprias bombas e mísseis,

 

De todos o mais preocupante é, sem margem para dúvidas, a Coreia do Norte de Kim Jong-un, cujo potencial parece ser perigosíssimo. Trata-se de um país realmente incompreensível: o povo passa fome, os militares são tratados nas palminas como heróis e considerados o esteio da nação. Contudo, por mais ameaçador que seja o seu discurso, subsiste a divisão entre as duas superpotências.

 

Contudo do lado do Kremlin com a queda da URSS houve mudanças apreciáveis. Sobretudo a nível militar. De acordo com “especialistas” Moscovo perdeu a potência que tinha ou, pelo menos, uma parte dela. A aventura da guerra da Ucrânia parece indicar que a máquina castrense da Federação Russa já teve melhores dias.

 

No entanto, ainda é cedo para se tirarem conclusões sobre o tema pois  guerra está longe de ter fim. Acordos de paz – onde estão ou estarão eles? O recurso aventado pelo czar Vladimir Putin à arma nuclear não me parece ser muito preocupante. A retaliação nos mesmo termos seria a catástrofe mundial. A III Guerra não se descortina no horizonte. E ainda a procissão saiu há um ano do adro.

 

Neste quadro bipolar cada vez mais se vem acentuando o papel importantíssimo da República Popular da China que se tornou na segunda potência económica do Mundo. As suas empresas começaram por “invadir” países do Terceiro Mundo mas depressa se estenderam pela Terra inteira. A princípio as “lojas dos chineses” que têm “tudo” foram-se instalando discretamente e bem assim os restaurantes.



 

Temos entre nós, aqui em Portugal o exemplo disso: não há sitio por mais pequeno que seja que não tenha uma “loja do chinês” onde se pode adquirir desde roupa e artigos escolares a electrodomésticos. Há grandes armazéns que abastecem os revendedores e a cadeia não tem fim. Com maior ou menor dificuldade linguística eles continuam a vender “tudo” e a preços mais baratos. Longe vão os tempos dos chineses que vendiam gravatas nos Restauradores e no Rossio.

 


Por outro lado empresas chinesas foram entrando em portuguesas, desnecessário se torna lembrar  EDP. Este é o panorama no nosso país à semelhança aliás do que se passa noutros. Convém não esquecer a actividade das Tríades, as mafias chinesas que por toda a parte controlam a actividade comercial dos cidadãos oriundos da RPC, nomeadamente de Macau.

 

Isto leva-me a publicar o texto que se segue. Deve ler-se com tenção poi ele é bem esclarecedor do papel da China de hoje no Mundo.    

  

Qual foi o país que ganhou a Taça do Mundo FIFA de 2022? Se a sua resposta for Argentina, está certo, é a verdade, mas há outro país que ganhou o Mundial sem jogar uma única partida. E esse país foi a China. Se não concorda com o que aqui lhe dizemos, vamos apresentar as dez (10) maneiras pelas quais a China trabalhou silenciosamente nos bastidores da competição que decorreu no Qatar...




Primeiro: Os edifícios da toda a cidade que englobaram os estádios, os hotéis, os edifícios administrativos, as instalações das delegações, das equipas, treinadores e acompanhante, dos árbitros, dos dirigentes da FIFA, dos elementos do Qatar que fizeram a ligação com os participantes e outros, os centros de informação, etc.  receberam electricidade verde de uma central de energia solar de última geração construída pela Power Construction Corporation na China.

Segundo: As pessoas foram levadas para onde precisavam ir numa frota de 888 autocarros totalmente eléctricos, fabricados pela Yutong Bus, uma empresa chinesa que se tornou discretamente, até onde se sabe, a maior fabricante de autocarros do mundo.



Terceiro: O estádio principal foi construído pela China Railway Construction Corporation: a empresa que surgiu na África, na Europa e no mundo, conhecida pela sua capacidade excepcional de criar infraestrutura em ambientes desafiadores.

Quarto: O que é um evento desportivo sem lembranças? Estima-se que quase 70% das mercadorias relacionadas com o Mundial 2022, desde bolas de futebol a bandeiras, camisetas e apitos, vieram de um único local na China, uma cidade no sudeste da China chamada Yiwu.




Quinto: Um grande reservatório especialmente construído para fornecer água potável para atletas e assistentes foi construído pelo Gezhouba Group, de Wuhan.

Sexto:
A construção dos estádios exigiu uma grande quantidade de equipamentos pesados, de enormes máquinas de terraplenagem a guindastes - cerca de 100 deles foram fornecidos pela empresa chinesa Sany Heavy Industry, uma das maiores construtoras do mundo.

Sétimo: O mais inovador era o passo diagonal 974, que podia ser desmontado e remontado em qualquer lugar. O projecto de 974 blocos foi projectado por um arquiteto espanhol da China International Marine Container.




Oitavo: Observou todas as luzes de LED em todos os lugares? Eles vieram do Grupo Unilumin na China.

Nono: A maioria das pessoas diz que os condicionadores de ar são necessários para sobreviver naquele ambiente — e a Midea da China forneceu 2.500 aparelhos de AC para o evento.

Décimo: Por último, mas não menos importante, este foi o evento desportivo mais caro da história do mundo e precisava de muito apoio corporativo. Dezanove (19) empresas chinesas se inscreveram para patrocinar o evento, claro através de publicidade.