Os elefantes
do Maiombe
Antunes Ferreira
O
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Maiombe era uma atração para
caçadores a sério daqueles que atiram aos elefantes e algumas vezes matam-nos.
O que pode dizer-se que é que ela é muito perigosa para os caçadores mas
sobretudo para os paquidermes. Sendo uma das maiores florestas do Mundo, a
segunda segundo alguns também representa outro perigo: perder-se dentro dela.
Em Angola parte do Maiombe fica em Cabinda e confina com os dois Congos.
B
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exiga cirurgião
dentista de profissão e caçador de militância decidiu partir de Luanda e chegar
à enorme floresta seguindo por aquela província angolana. Levava consigo o seu
filho Malaquias para ver ao vivo o que eram os elefantes; mas também para lhe
dar umas lições de como abater um proboscídeo; ó pai que raio de coisa é essa,
um automóvel, um submarino como os do Portas ou uma cegonha daquelas que trazem
os bebés de Paris? Que raio de pergunta; respondeu-lhe o pai, é um elefante.
...ainda acredita no Pai Natal? |
O
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dentista interrogou-se sem mexer
sequer os lábios: será que o rapaz quase a fazer os dezassete ainda acredita no
Pai Natal? Bom. Depois logo se verá, a ser assim tenho de dar-lhe umas lições sobre
esses mistérios da natureza incluindo obviamente a origem das playstations que
lhe dou no dia 25 de Dezembro e que não uso barba branca nem me visto de
vermelho, eu até sou do Sporting. E enquanto pensava assim iam entrando na mata
e o Malaquias moita-carrasco.
Com árvores tsunâmicas de grandeza |
E
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de repente deram por eles completa,
radical e abissalmente perdidos; com uma agravante não tinham trazido qualquer
tipo de comida pois contavam que a primeira “peregrinação” exploratória na
floresta fosse no máximo umas seis horas. Em resumo, se gastassem a água do
cantil dele estavam f…oops, feitos, o do Malaquias se comparado com o Sará
ainda estava mais seco. Por isso foram andando aos trancos e barrancos entre as
árvores que eram tsunâmicas de grandeza, nem permitiam entrar a luz, mesmo que
o Sol lhes pedisse por obséquio. E assim palmilharam durante três dias…
... como esqueletos |
U
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ma clareira!
Estamos safos! Outro pai e outro filho, apresentaram-se era o Eng.º Boticas e o
rapazote Simão obviamente Boticas. Nem respiraram, foram logo perguntando: há
aqui qualquer coisa que se coma? O ar dos cidadãos recém encontrados dizia tudo
ou melhor dizia nada: nem morfos, nem bóbidas, enfim nadíssima. Despediram-se
os Bexigas esfomeados como se já fossem esqueletos dos Boticas igualmente. Os segundos perfeitamente
desanimados deixaram-se ficar aparvalhados, enquanto os primeiros prosseguiam.
M
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as para onde
Deus do Céu? Não havia semáforos, nem placas indicativas do destino, muito
menos polícias sinaleiros. E com os estômagos colados com Pattex aos intestinos
por onde não passaria sequer um bago de arroz; daí que se fossem lembrando da
parábola do rico, do pobre e do buraco duma agulha. Estavam desgraçados, iam
morrer de fome e de sede. E o Bexiga era viúvo só tinha o Malaquias como
herdeiro. Com ambos definitivamente falecidos, os bens que o dentista tinha
iriam parar à Santa Casa da Misericórdia com o Santana Lopes a sorrir embevecido.
Extinto há milénios |
R
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aio de merda!
clamava o cirurgião e o Malaquias juntava-lhe porra! Foi nesse instante que
ouviram um restolhar. Seria um elefante quiçá um mamute, mas este estava
extinto há uma porrada de anos… Era o Bexiga júnior que vinha pelo capim
ofegando. O puto parou, respirou fundo e falou: o meu pai manda perguntar-vos
se gostam de ovos mexidos com chouriço?
M
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édico e
filho resplandeceram: claro que gostamos, vamos a eles! E o Simão: ainda não
acabei, pois o meu pai ainda manda dizer que nem isso temos… Bexigas
entreolharam-se, a coisa estava mesmo preta o que não admirava pois estavam no
continente africano. Não enforcaram o mensageiro porque não havia corda.
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(
Esta estória resulta de um lamiré - mas não posso dizer de quem é...)
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Esta estória resulta de um lamiré - mas não posso dizer de quem é...)