Este testicul..., u+s texticulo é sobre a minha família
E só o
publico porque lhe acho graça.
Os tempos
eram outros, as mentalidades
Também não afinavam pelo actual diapasão.
Enfim ele
aqui fica.
Espero que não me batam…
*O bebé ainda não estava pronto
Antunes Ferreira
Controvérsia em família
moderada. Já tínhamos dois rebentos, o Miguel e Paulo, putos de quatro e quase
dois anos, nascidos em Lisboa na Clinica de São Miguel do Professor Doutor
Castro Caldas por recomendação do primo da Raquel o goês também Professor Mário
Cordeiro e tudo tinha corrido sobre esferas.
Agora em Luanda
de novo gravidíssima reuniram-se em nossa (alugada) casa as minhas cunhados e o meu cunhado Mário (o Luís e a
Maria Alice estudavam em Lisboa) para discutir o nome da menina que iria nascer. O único
discordante era eu: estava absolutamente convencido que viria mis um moço – o
que motivava enérgicos protestos e recriminações da distinta assembleia. A esta
só faltavam os auspícios dos deuses romanos familiares os Larae familiriae.
Para que não me
acusem de partidarismo ou de ocultação de dados que poderiam levar à conclusão
de que estava a favorecer a minha posição faço já uma chamada de atenção
bipartida. Primeiro: os meus sogros estavam em Moçâmedes onde como funcionário
das Alfândegas Ultramarinas fora colocado como director respeitando o Estado a
sua posição em Goa e o casal tinha levado consigo a fila mais nova Belinha.
Segundo: os árduos
defensores da feminilidade da nascitura (???) tinham apoios substanciais à tese
deles. Veja-se, A minha mãe, que morava num apartamento na avenida dos
Combatentes, tinha um “truque” consistindo numa fórmula misteriosa em que
entrava a idade da grávida, a data da concepção (mais ou menos) e mais uns
pozinhos; tudo conjugado: tiro e queda – uma menina.
A nossa lavadeira Miquelina
(mais preta – como então e dizia – não podia ser) invocando um quimbanda que
estava em contacto espiritual com um santo semelhante do Brasil pusera-lhe a
questão e obtivera umas rezas para o efeito. Resultado: uma moça fora de
quaisquer dúvidas. O Ju, meu irmão mis novo, caçador de fim-de-semana na mata,
até atirando a elefante recebera do camarada com quem ia atirar outra certeza
baseada não sabia em que conhecimento; mas lá que era uma donzela, jurava p’las
cinco chagas de Cristo!
E quanto ao nome a
pôr na pia baptismal? Aí era o busílis. Na moda estavam as Tânias, as Vanessas,
as Matildes e claro havia que ter em conta a tradição raqueliana. Portanto,
Tânia Raquel, Vanessa Raquel, até uma
Raquel Clotilde saiu a terreiro. Eu – mudo e quedo. Vendo-me assim, insistiram
em ouvir minha opinião. “Já que a
querem saber, a menina vai chamar-se… Luís Carlos; Luís por parte do to, vosso
irmão e Carlos porque é o nome do vosso Pai.”
Foi uma algazarra. Que porque
sim, que porque assado. Cada um regressou às suas casas e os dias foram
passando até que rebentaram as águas pela madrugada e levei minha mulher à maternidade de Luanda. Nesse
mesmo dia à tarde meti o Miguel e o Paulo no Colt e fui ver como paravam as
coisas. Deixei-os no carro, subi e fui encontrar a minha cara-metade muito
chateada pois ainda não nascera o bebé e as condições eram péssimas. “Que
saudades da Clínica de São Miguel…”
Desci e quando entrei no Colt perguntou-me o Miguel “Ó pai então o mano não
vem?” E o Paulo, sabichão: “Não vês que ele ainda não estava pronto!”
Da cara do meu
cunhado Mário de onde da sua casa telefonei para Moçâmedes à minha sogra
informando-a de que tinha mais um neto que se chamaria Luís Carlos foi de tal
modo que justificará outro escrito. Mas tenho de acrescentar que o Mário se
tornou o maior amigo do sobrinho que desejara que fosse sobrinha e que na
devida altura ainda não estava pronto…
O DIA EM PORTUGUÊS
O prometido, pelo menos para mim, é devido e, se possível,
cumprido. Esta segunda-feira, 28 e Novembro em que começo a escrever – são precisamente 22H14 – foi o que
quero chamar o DIA EM PORTUGUÊS No Qatar – eu vi no ecrã televisivo, às quatro da tarde – o Brasil
bateu a Suíça por uns modestos 1-0, mas passou os oitavos. Pelas sete horas jogou-se
o Portugal – Uruguai. Venceu a selecção das quinas por 2-0. E também se
qualificou para os oitavos. Mesmo com o Fernando Santos. Quem o diz tem
carradas de razão: não gosto nada do homem.
Quem conta um conto acrescenta um ponto, diz o povo e
geralmente tem razão. Refiro-me ao “velhote funchalense” um tal
Cristiano Ronald que, aos 37 ano não quis deixar os seus créditos depositados
no banco (Central?) de Montevideu. Meteu a cabecinha d’oiro e enfiou a batata
na baliza à guarda de Rochet. Bruno Fernandes (para mim um dos melhores, quiçá
mesmo o melhor futebolista lusitano) fechou a eliminatória com um penalti
primoroso, confirmado pelo VAR.
Os uruguaios foram uma equipa violenta, recorrendo sistematicamente
às faltas para travar os nossos. Antes do encontro jogaram na tentativa de
amedrontar a nossa selecção relembrando que nos havia, eliminado no Mundial
2018 onde tínhamos feito uma verdadeira figura de urso. Mas essa tentativa que
aliás se demonstrou ineficaz além de despropositada ficará para a história do
futebol uruguaio como uma mancha negra dificilmente apagável.
Na sexta-feira temos a Coreia do Sul para fechar o Grupo 14.
Se continuar com saúde espero escrever mais sobre o que entretanto se passar. AF