Numa
caserna à noite
*Você não
tens nada com isso, não é teu
Antunes Ferreira
Era uma
noite encalorada, com um cacimbo
medroso a pairar sobre Lourenço Marques e o tenente miliciano Manuel Guilherme
Pontes Fernandes, de oficial de dia ao QG/RMM, o Quartel-General da Região
Militar de Moçambique (mas, de noite…) lá pelas três da madrugada mandou o
ordenança chamar o sargento de dia, aliás um furriel também miliciano, Carlos Virgílio
Mascarenhas Menezes, goês.
Após ele ter chegado (davam-se muito bem pois a esposa do
Pontes Fernandes também era goesa, até da mesma localidade, Pondá, tinham sido
colegas na escola primária) o tenente propôs-lhe dar uma volta pela caserna só
para verificar se estava tudo nos conformes. Munidos de lanternas lá foram
eles.
(...) tens nada com isso...
Para que depois os que (ainda) me toleram e leem, não me acusem de não os ter avisado, aqui fica anotado que, de seguida e até ao fim deste post, as/os mais sensíveis ou melindrosas/os devem estar preocupadas/os com a linguagem que utilizo. Se não gostarem, ponham na beirinha do prato.
Ao entrarem na caserna, Pontes Fernandes apontou o feixe de
luz sobre dois soldados pretos, todos nus, um em cima do outro, movendo-se em
avanços e recuos e resfolegando. Tanto o oficial como o furriel pararam
estupefactos: «Parem já!!!!» berrou o tenente. E o soldado que estava a ser
enra… por baixo, regougou, sem ver, sequer, com quem estava a falar: «Você não tens nada com isso! A cu é teu?»