A camija
e o cajaco
Antunes Ferreira
A estória passa-se em Vila Marim que é
uma freguesia do concelho de Vila Real de Trás-os-Montes do distrito de
Trás-os-Montes (olá isto esta a começar mal, pois lá começam as confusão muito
habituais nos textos do autor). A ti Ludovina, solteirona, tinha dois sobrinhos, o
Manel e o Quim, jovens, um deles comemorara 14 risonhas Primaveras, o Manel, o Jaquim ainda as veria
chegar. Meio crianças, meio adolescentes eram, desde o tempo das fraldas, companheiros
nas diabruras, sobretudo amigos.
Há que dizer que Vila Marim - como todos
os Trás-os-Montes – era especializada em castanhas, amendoeiras enchidos e bom
vinho, o que aliás acontece em todo País, tinha um orgulho: as amendoeiras em
flor eram irmãs gémeas das ditas cujas do Algarve, não tinham invejas
adoravam-se e faziam com que os turistas também as adorassem na época das
flores.
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Asterix e Obelix |
Os transmontanos, gente boa,
diziam que para além do Marão só mandam
os que lá estão…o que se assemelhava com
o Asterix e o Obelix, na sua aldeia irredutível
na Gália onde os romanos nunca entravam porque os gauleses possuíam uma poção
mágica que lhes dava uma força tremenda e por isso lhes davam umas cacetadas
valentes. Porém a acção não decorria na Gália, mas sim em Trás-os-Montes. O seu
único medo era que o céu lhes caísse na cabeça e dando de barato que os
senhores Goscinny & Uderzo não viviam em Vale Marim, viviam em França. Publicaram o primeiro álbum parido pela parceria em 1959.
Deles
está tudo dito, aliás não está porque os heróis deles, ou seja o Asterix e o
Obelix, tiveram um enorme êxito com traduções em mais de uma centena de línguas
– incluindo o mirandês – línguas e com 350 milhões de exemplares o que é um
espanto assim ficaram de 1952 até hoje.
Tal era o entusiasmo que Goscinny ter falecido & Uderzo estar com 87 aninhos
(abençoado seja) e logo surgiram sucessores deles. Por isso já estão publicados
33 álbuns e anunciaram estes que para o ano que vem vai sair um novo. Informaram
que ano após ano, de 365 a 365 dias poder-se-á um que de modo bem elucidativo
um recente álbum dos heróis gauleses virá à escada. Este ano foi publicado o "Astérix
e a Transitálica” (não
digam nada mas a Wikipédia e uma ajudante …de cinco estrelas)
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Amendoeiras em flor |
Vamos
lá ver, a clubite e as claques organizadas deveriam ser objecto de sanções.
Deveriam… Porém o apito doirado do Senhor P da C deu em águas de bacalhau e
parece suceder com o caso dos e-mails ou o da fruta. Enfim isto quer dizer que
Portugal é um país muito bondoso… Não sabemos fazer mal a ninguém. Pelo
contrário desculpamos toda a malta como se fossemos a conferência de São
Vicente de Paulo, abrigamos os que disso precisam iguais à Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa, resumindo, somos uns gajos à maneira.
Em
Trás-os-Montes, em Vila Real, Bragança, Mirandela, e ondas curtas em 17 mHz e outras
localidades, os transmontanos são amistosos, amigos e recebem bem os
forasteiros. Têm palavras esquisitas; por isso há uma “língua” transmontana… Um
cibo (é um bocado) de pão com manteiga, C’massim (assim sendo) vou-me andando
até a minha casa, c’moquera (pode ser que) Cuidado! Não te metas e-te com
aquele sacana ainda levas uma saranda (um enxurro de porrada), Bilhó (puto)
Este bilhó é muito chato.
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Bruno & Jesus |
Para
a gente “normal”, para entender a “língua” transmontana é preciso usar um dicionário;
entretanto há o caso do Jorge Jesus que fala tão coplicado que é preciso usar um tradutor
de jesusês para português … E se este “mister” fosse treinar uma equipa
estrangeira sei lá onde? Por exemplo em Espanha; obviamente teria de levar dois
tradutores: um do jesusês para português e outro de português pra o castelhano.
Ele há dias em que um cidadão não deve sair à noite.
Bom,
volte-se à estória do Manel e do Quim em Vila Marim (tem piada, o autor não deu conta e acabou de poemar) onde o avô deles não tinha um
quintal, tinha um quintalão e nele plantara um castanheiro, uma pereira,
duas macieiras e uma diospireira maila uma horta de múltiplas hortaliças,
couves, feijões-verdes, cebolas, cenouras e outras miudezas: salsa, coentros e
hortelã. O avô Florêncio ficava muito contente quando tinha nas férias grandes
os dois netos, malandretes como o diabo, também conhecido por belzebu, mas só
para os amigos do peito.
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Castanheiro |
Ora
um dia o Manel e o Quim foram-se ao castanheiro e começaram a comer castanhas (normalmente um castanheiro não dá melancias
ainda que haja alguns que dão coconuts também conhecidos por cocos, só para
contrariar); foi uma orgia castanhal. Enquanto não passavam ao estatuto dos
vómitos, os dois bilhós (vejam como o
autor sabe falar transmontanhês, do que muito se orgulha) começaram a trocar mimos ainda
empoleirados nos ramos da árvore transmontanhesa.
O
Manel para o Quim: ó Quim eu cá comi mais castas docatu; o Quim para o Manel: ó
Manel quem comeu mais delas fui eu. Pronto, fora o início duma discussão que
terminaria assim: Ó Manel ê cá comi-as com camija e outro retorquindo: Porra, e
ê comi-as cucajaco. A divisão deles persistia … e persiste até aos nossos dias.