2023-07-30

 Assassinato em Praga

*Do punhal ao pãozinho doce knedlíky


Antunes Ferreira

Joana Gomes, 26 anos, solteira, natural de Évora, licenciada na Universidade Clássica de Lisboa, no ramo de Letras, tendo escolhido o ramo de Línguas da Europa Central, depois fez o mestrado cujo tema fora «História e Idioma da Chéquia ou República Checa».

 

Um dia num dos seus momentos, raros, de lazer, descobrira através do Google um nome que, sem qualquer razão especial, lhe chamou a atenção: «Karel Novák, engenheiro metalúrgico, 28 anos, solteiro, natural de Brno, mas residente em Praga, 1,87 metro de altura, phone 429 -284 650 796. E, com o seu estilo de aventura o assunto foi-se enganchando tal como as cerejas. Na faculdade, enquanto esperavam pela afixação das notas da prova escrita a Lurdes Gonçalves, mais conhecida por „Lurdecas“ lhe falou no programa „Erasmus“ uma criação da União Europeia (UE) que é um subprograma do  República Checa fundada a cidade, que domina a capital na margem esquerda (ocidental) de Vltava. O subprograma decorre ao Longo da Vida , em especial entre estudantes, mas também entre professores e outro pessoal educativo”.   

 

Ora, ela sabia que as companhias aéreas Low Cost praticavam preços muito razoáveis. Após ter muito pensado naquilo perguntou-se por que não ir à República Checa, conhecer em carne e osso, (preferivelmente em chicha...) o seu correspondente Karel Novák? Se o pensou, por vários dias, declarou-se pôr o se plano em prática: cumpriu todas as démarches do „Erasmus“, foi à agência da Low Cost com a qual engraçou mesmo sem saber porquê, a Ryanair

Lisboa - Praga uma viagem calma


comprou o bilhete Lisboa-Praga e Praga-Lisboa, marcou a data da viagem e, zás, jã estava ela instalada num Airbus A301neo.

 

Lendo tudo sobe a Chéquia ou República Checa. A aeronave aterrou eo Karel, depois dela passar o chek in do passaporte e alfandegário, saiu para a vastíssima sala de espera onde, no meio de uma molhada de gente estava o seu Karel. Pousou o trólei e e fizeram o normal shake hands e beijaram-se nas faces ela dois chochos, ele três, costume do país.

 

Então Joana que trazia engatilhada uma surpresa para o seu correspondente, abriu a boca e atirou:

 

«hoj Karle a dobrý den. Jak se máte? A tvoje rodina? Bůh chce, aby byli všichni v bezpečí.

Když nastoupíte do airbusu Ryanair, je nádherné počasí,
 což je přirozené, je polovina července. A pokud vás nebudu 
obtěžovat, teď je tu pár otázek. Z našich k Už jsem řekl, 
možná až moc o mně, mluvíme skoro denně přes WhatsApp..

Teď o tobě chci vědět různé věci. Kolik kilometrů je váš dům od letiště Václava Havla? Mimochodem, miluji to, i když jsem ho Kde bydlíš? A kde budu bydlet? A kde budu jíst? A zůstaneme jen v Praze, nebo se půjdeme projít po kraji? Máte auto? To je prozatím vše. Děkuji mnohokrát.

 

už jsem zapomněl. Ja dělám hodně chyb?» [(Tradução resumida e curta para portugês para portugal (portugal) como se escreveveve na Wikipedia do google: «Olá Karel, fiz boa viagem (...) Folgo em te conheccer pessoalmente, já o fazia pelo Wathsap e pelo smartphone.

Como vais tu? Onde moras? Conheceste o Vaclav Havel?)

 

Brno

Karel tinha um Hyundai A20i e pelo caminho foi respondendo às perguntas da Joana. Era natural da cidade de Brno, mas com seis anos, os pis tinham falecido numa fuga de gás, estava ele a brincar em casa duns amigos assim escapara. Os pais não tinham parentes próximos, excluindo uma tia-avó quem o criara, porém quando ele chegara aos 18 anos a boa da dona Alena Polorná fora-se, por isso, ficara órfão. Duas ou três namoradas, mas nenhuma delas era a “tal”. Logo adeuses às curtas vindimas.

 

Vaclav Havel

De resto, através do WhatsApp e de smartphone já Joana sabia quase tudo dele…. Alto aí e para o baile. Onde moras? O teu apartamento fica a quantos quilómetros do aeroporto Vaclav Havel? Eu sei que ele foi o herói pacifico da Revolução de Veludo e Presidente da República da então Checoslováquia (na altura comunista) por se ter oposto à entrada de soldados e tanques soviéticos no território do país. Consequência: foi preso e torturado. Depois da queda do muro de Berlim (que significou o começo do fim do comunismo) Havel, aliás um intelectual, escritor, poeta, et alium foi de novo eleito como Presidente da Chéquia.

 

No que respeita à minha morada vivo na rua Seifertova, 14 2º Esq. que desce dum bairro da classe média, onde há uns apartamentos para estudantes, uma das é dinamarquesa e bem bonita. Aqui, Joana deitou-lhe um olhar de esguelha, preocupado e o Karel pensou que eram ciúmes… Como ponto mais lindo e importante da capital é o Castelo saímos da praça Mala Sbuva (em checo como se via na placa numa parede Malostranskké náméstí) a subir pela rua Seifortova (cheia de lojinhas de bricabraque local, guias da cidade e do país, linhas do metro de Praga, etc., para turistas e também para naturais vindos de outras regiões) até chegarmos ao edifício que é conhecido pelo nome de Castelo Hraacany por ter sido construído sobre uma alta coluna.

  

Castelo de Praga (Hradchany)

Karel aproveitou a ocasião e mesmo junto à imponente construção comprou para Joana um guia  “Como visitar Praga – Os 10 Monumentos mais Especiais” onde constava que o «Castelo de Praga (em checo tal como está afixado na parede atrás do balcão onde vários funcionários e funcionárias vendem bilhetes para visitar as instalações Pražský hrad) está localizado em Praga, capital e maior cidade d e encontra-se na colina Hradchany, local onde foi a República Checa fundada a cidade, que domina a capital na margem esquerda (ocidental) de Vltava.

 

O Castelo de Praga é uma das construções mais importantes da cidade. Foi fundado no século IX e atualmente serve como a residência presidencial, antigamente habitado pelos reis da Boémia. No seu interior encontra-se a Catedral de S. Vito, o Palácio Real do Castelo de Praga, a Torre Dalibor, o Convento de São Jorge, e a Viela Dourada. (Os sublinhados a azul são publivados no blogue a laranja sem sublinhado, escepto um para acrescentar porenores da Catedral de Praga, em português de "Portugal" que é ligeiramente diferente ddo português do "Brasil" Ver google da Wikipédia))

 

Ele ocupa uma área superior a 72,5 mil m². Por causa disso é considerado, conforme o Guinness World Records Book, o maior castelo do Mundo.» (Versão em português “de Portugal”)

 )

Estávamos numa das filas das bilheteiras, quando
do interior da primeira sala, do tipo de espera em os visitantes 
aguardavam que os anteriores iam saindo para eles entrar, 
veio um berro enorme no meio de uma barulheira infernal. 
«Atenção!!!! !!!!Crime!!!! Pozornost!!!!!!!! Zločin!!!!
Attention!!!! Crime!!!! Prosím, zachovejte svá místa!!!!
Por favor conservem os seus lugares!!!! Please, 
keep your places!!!! 
Policie už byla přivolána a měla by tu být brzy!!!! 
A Polícia foi já chamada e está a chegar!!!! We call 
the Police and she is coming and will be here in 
few moments!!!

 

Para já, adeus Castelo, talvez amanhã aventou a Joana. «Nem pense nisso – retorquiu o Karel – trata-se do local dum crime, com toas as diligências preparatórias, impressões digitais, ADN, autópsia, análises laboratoriais e em seguida as próprias averiguações, nós temos um Polícia Judiciária muito boa, a própria Interpol o tem reconhecido. Esta merda (desculpa-me) vai durar montes de tempo. Talvez consigamos visitar o nosso Castelo quando os porcos andarem de bicicleta…». Pelo menos expressão fez soltar umas boas gargalhadas que os presentes (e eram muitos) miraram reprovadores: gozarem num momento como aquele ou eram cúmplices ou loucos!

 

Bom, sem Castelo, havia muito mais para ver. Mas com todas as confusões os ponteiros do relógio analógico da Joana indicavam que já passava do meio-dia. «Já comia alguma coisita, estou com uma larica…» O Karel franziu o sobrolho e perguntou-lhe: «Larica? Que raio de coisa é essa? No que tenho vindo a estudar o português nunca encontrei tal palavra…» Joana riu-se e explicou-lhe que larica era um calão de fome raramente utilizado e por isso ele tinha duplamente razão. Resultado: mais gargalhadas! Face à situação,

 Ponte Carlos (Karluv)

Karel sugeriu que junto à ponte Carlos (em checo Karluv) havia uma taberna (em checo Krčma) onde se comiam umas salsichas feitas de carnes de porco, de boi e de ovelha (especialidade do país) e se bebia a cerveja lager tirada directamente do barril, considerada a melhor do Mundo!

 

Pelas cinco e meia (da tarde) com o calor a abrandar decidiram ir para casa descansar; bater uma sesta não, aproximava-se a hora do jantar que Karel iria cozinhar à la checa. Sem darem por isso, iam de mãos dadas. Em tão pouco tempo… O auto apelidado chef esmerou-se, em homenagem à sua hóspede, fez um prato especial a Kapr (que lhe explicou serem filetes de carpa do rio – a Chéquia não tem mar… - fritos envoltos em massa de farinha de centeio ao estilo milanês acompanhado de uma espécie de salada russa, mas com molho de frutos vermelhos. Acrescentou que, como o bacalhau cozido com batatas e couves-lombardas, ovos cozidos, tudo coberto com picadinho de salsa ou coentros, cebola e alho, a Kapr é a tradicional ceia do Natal na sua Pátria.

      

Findo o repasto foram sentar-se no sofá e começaram a ver o na televisão um episódio da Netflix. E, sem saber como muito menos porquê, Joana encostou a cabeça no ombro direito dele que o vê-la assim passou-lhe os braços pela cintura, inclinou-se e deu-lhe um beijo na boca e ela aceitou-o; mais as suas línguas emagraram-se-lhes. Karel, então, acariciou-lhe os seios por cima da t-shirt dela e Joana ao reparar, por entre os olhos semicerrados que na braguilha dele crescia um vulto acariciou-o terna e suavemente. A cama do Karel que, a partir daquele sensacional momento, passava a ser dos dois, só ficou com o lençol de baixo e eles todos nus.                                                                                                                                                                                                                                                          


    Polícia Judiciária de Praga                                                                                                                                                        

Parece-me conveniente contar que se levantaram às onze da manhã, satisfeitíssimos, felicíssimos e com uma larica de comer um cozido à portuguesa; pudera não, toda a noite fora uma festa com fogo de artifício e tudo! No entanto, estava na hora de tentar saber do crime e como o nosso herói tinha um amigo na Polícia Judiciária, o inspector Andrej Borek, telefonou-lhe a Gulástentar tirar-lhe nabos da púcara, ao que ele lhe respondeu que estava com sorte pois o caso fora-lhe atribuído e ele mais o subinspector Marek Kustovtev já tinham iniciado as averiguações, mas estava em segredo de Justiça… 

 

Joana cujo sentido de aventura não se derramava disse: «Com ou sem segredo de Justiça, vamos em frente, havemos de descobrir qualquer coisita». Ele concordou e de novo telefonou para a redacção do “Diário de Praga” e falou com o jornalista Gulás Smartzeny mandatado para seguir o caso, que, face às intenções do casal, lhe prometeu sob palavra que lhes iriam dando conta das diligencias dos dois investigadores. E ficou assim combinado.

 

No entanto as investigações iam no” ponto do desata, nem desata…” e na Judiciária o inspector-chefe Vakrur Lavrdóbir,  andava c’os cabelos (tinha poucos, era um careca do tamanho do Castelo) e a amarinhar pelas paredes. Podia lá ser, a Coisa fechada há quase duas semanas, o que estava a acontecer a milhares de turistas, apesar das informações divulgadas por TODOS OS ÓRGÃOS DE INFORMAÇÃO. Mas a Esperança é sempre a última a morrer, talvez amanhã abram…

 

Andrej Borek e Marek Kustovtev não eram de atirar a toalha ao chão, mas esta porra da intromissão do casalinho (cuja língua portuguesa que eles não entendiam patavina, mas através da linguagem corporal percebiam que o “macho” com a “ajuda maravilhosa, pespegava-lha lhe um beijo na boa cm todos os matadores e encostavam-se selvaticamente para sentir todo os corpos vestidos de cada um).

 

Com um punhal cravado no peito

E realmente por obra do jornalista foi-se sabendo  que o assassinado se chamava Handruk Krirgrvir tinha 19 anos e era estudante de engenharia informática na Universidade de Praga – Norte. Tudo isso, incluindo a morada do infeliz, fora descoberto pelos polícias, mas a proveniência e a marca do punhal que tinha cravado no peito sobre o coração eram de total desconhecimento dos dois agentes.

 

Daí que regressados ao gabinete do mandachuva Vakrur Lavrdóbir, lhe comunicassem que desistiam! Vakrur enrubesceu e tentou dissuadi-los. Mas, nada, nadinha, estavam fartíssimos de andar à caça de gambozinos! Que ele lhes desse outro serviço mais fácil, por exemplo entrevistar o Papa. Aí o inspector-chefe começou mentalmente a contar até 2000 vezes para acalmar antes de abrir a boca e gritou: «Ruaaaaaa!!!!!

Torre de Belém uma joia

do manuelino 

Joana e Karel, por muito que diligenciassem também não obtiveram quaisquer resultados. Restava-lhes passar a vida em felicidade (como todos os casais também tiveram as suas querelas) e tiveram um trio: duas meninas e um rapazinho. Faltava saber onde iriam morar. Tanto Joana havia falado da sua gente, na grande maioria gentil, simpática, ajudando um amigo até um estrangeiro, fadista por Alfama, pela Madragoa e pelo Bairro Alto, dos seus azulejos, da Torre de Belém, dos Jerónimos e dos pastéis de nata de Belém. Karel amava Praga e o se Castel, também sentiria saudades de Brno sua terra natal. Mas a sua companheira convencera-o.

 

Andavam a procurar um apartamento T4 na Alta de Lisboa.