Operação em Santa Cruz
Um coração novo…
Antunes
Ferreira
Ao fim
de quase meio ano de ausência desta nossa casa, estou (estive) aqui no
domingo último _ o que hoje repito a passar estes (esses) momentos com a minha
querida família – o que é uma enormíssima felicidade!!!! Foi – tem sigo – uma
saga – “complicadíssima” que passou por cerca de 50 dias acamado no Hospital de
Santa Maria, onde me colocaram um pacemaker
e me tolheram quaisquer possibilidades de locomoção autómata. Dali
segui (para onde deveria ter sido encaminhadas) – porque não podia continuar a
ocupar uma cama, por elas estarem híper ocupadas, não haver válvulas, sendo
necessário a sua importação, não existir anestesista disponível, etc. – para as Residências Montepio (cerca da «módica» quantia de € .3. 598, 90 mensais) aguardando
que me fosse marcada a intervenção de que já vos tinha dado conta no último
texto publicado no meu blogue.
Entretanto aguardava
se a operação se realizaria nos Hospitais de Santa Maria ou de Santa Cruz, o
que resultou em quase cinco quatro meses durante os quais trabalhei em
fisioterapia (a melhor coisa que há nas Residências) com o Fábio Pinheiro
encarregado de me acompanhar; resultados: no primeiro dia senti-me enraivecido
comigo próprio só conseguindo uns escassos movimentos no espaldar, depois
comecei com um andarilho, uma bengala de três pés, uma bengala simples e
finamente andar sozinho sempre acompanhado pelo Fábio. Falando livremente, é um
«malandro» pachola; mas, no melhor pano cai a nódoa: é do Benfica. Diz o povo
na sua eterna sabedoria – não se pode ter tudo… De resto, toda a equipa da
fisioterapia, a Mafalda, a Rita, a Juliana (que eu «rebaptizei» de Tânia e a
Vera = 5 estrelas.
No bloco operatório
Finalmente
na segunda-feira, 30 de Março fui operado no Magnifico Hospital de Santa Cruz onde
nem sequer fui anestesiado, apenas sedado; a válvula foi colocada por cateter –
doeu-me um bocado, mas aguentei-me. A anestesista ia-me animando com a sua
cabeça encostada à minha. A intervenção
correu tão bem que o cateter foi-me retirado logo após ter sido terminada a
cirurgia – o que não parece ser habitual pois o normal é sê-lo passados dois ou
três dias. Resumindo: estive internado em Santa Cruz UM DIA E MEIO!!!!
Uma
nota final para as Residências Montepio,
obviamente uma instituição destinada ao apoio e tratamento sobretudo a pessoas
da terceira idade, mas em última análise uma
máquina de fazer dinheiro! Naturalmente que são um negócio e como todos
eles destinam-se a obter lucros. Mas – para mim, talvez demasiado sensível – os
utentes são indivíduos diminuídos, alguns com graves deficiências, babando-se,
adormecendo nas adeiras de rodas, tendo de ser alimentados pelas/os assistentes/auxiliares,
etc. o que já de si portador (controlado felizmente) de bipolar é extremamente
deprimente.
Porém, como em tudo o resto da vida há o «bom» e o «menos bom» para não sublinhar o «mau»; os dias que vão correndo não se podem, nem devem, dividir-se entre o branco e preto; tal dicotomia não existe e se a queremos adoptar cometemos um erro crasso. No entanto, sem menosprezo para quantos nas Residências trabalham sinto-me apto a referir a enfermeira Andreia Ferreira, uma profissional de mão cheia, que se tornou minha amiga e até tem o nome duma «namoradinha, paixão» quando eu tinha 14 aninhos bem como o
auxiliar António Correia, meu cúmplice e companheiro nas saídas para
consultas e exames no exterior e, sobretudo, um compincha a verde e branco, ou
seja, um Leão não da Estrela, mas das Residências Montepio Entrecampos. E para
terminar pelo começo tenho de apontar a equipa capilo-unha constituída pela
Manuela (que nunca me quis fazer madeixas…) e a Noélia (que trata dos meus
cascos).