2024-04-14

 


Operação em Santa Cruz

 

Um coração novo

 

 

Antunes Ferreira

Ao fim de quase meio ano de ausência desta nossa casa, estou (estive) aqui no domingo último _ o que hoje repito a passar estes (esses) momentos com a minha querida família – o que é uma enormíssima felicidade!!!! Foi – tem sigo – uma saga – “complicadíssima” que passou por cerca de 50 dias acamado no Hospital de Santa Maria, onde me colocaram um pacemaker e me tolheram quaisquer possibilidades de locomoção autómata. Dali segui (para onde deveria ter sido encaminhadas) – porque não podia continuar a ocupar uma cama, por elas estarem híper ocupadas, não haver válvulas, sendo necessário a sua importação, não existir anestesista disponível, etc.  – para as Residências Montepio (cerca da «módica» quantia de € .3. 598, 90 mensais) aguardando que me fosse marcada a intervenção de que já vos tinha dado conta no último texto publicado no meu blogue.

 

Entretanto aguardava se a operação se realizaria nos Hospitais de Santa Maria ou de Santa Cruz, o que resultou em quase cinco quatro meses durante os quais trabalhei em fisioterapia (a melhor coisa que há nas Residências) com o Fábio Pinheiro encarregado de me acompanhar; resultados: no primeiro dia senti-me enraivecido comigo próprio só conseguindo uns escassos movimentos no espaldar, depois comecei com um andarilho, uma bengala de três pés, uma bengala simples e finamente andar sozinho sempre acompanhado pelo Fábio. Falando livremente, é um «malandro» pachola; mas, no melhor pano cai a nódoa: é do Benfica. Diz o povo na sua eterna sabedoria – não se pode ter tudo… De resto, toda a equipa da fisioterapia, a Mafalda, a Rita, a Juliana (que eu «rebaptizei» de Tânia e a Vera = 5 estrelas.

 

No bloco operatório

Finalmente na segunda-feira, 30 de Março fui operado no Magnifico Hospital de Santa Cruz onde nem sequer fui anestesiado, apenas sedado; a válvula foi colocada por cateter – doeu-me um bocado, mas aguentei-me. A anestesista ia-me animando com a sua cabeça encostada à minha.  A intervenção correu tão bem que o cateter foi-me retirado logo após ter sido terminada a cirurgia – o que não parece ser habitual pois o normal é sê-lo passados dois ou três dias. Resumindo: estive internado em Santa Cruz UM DIA E MEIO!!!!

 


Residências Montepio Entrecampos 

Uma nota final para as Residências Montepio, obviamente uma instituição destinada ao apoio e tratamento sobretudo a pessoas da terceira idade, mas em última análise uma máquina de fazer dinheiro! Naturalmente que são um negócio e como todos eles destinam-se a obter lucros. Mas – para mim, talvez demasiado sensível – os utentes são indivíduos diminuídos, alguns com graves deficiências, babando-se, adormecendo nas adeiras de rodas, tendo de ser alimentados pelas/os assistentes/auxiliares, etc. o que já de si portador (controlado felizmente) de bipolar é extremamente deprimente.

 

Porém, como em tudo o resto da vida há o «bom» e o «menos bom» para não sublinhar o «mau»; os dias que vão correndo não se podem, nem devem, dividir-se entre o branco e preto; tal dicotomia não existe e se a queremos adoptar cometemos um erro crasso. No entanto, sem menosprezo para quantos nas Residências trabalham sinto-me apto a referir a enfermeira Andreia Ferreira, uma profissional de mão cheia, que se tornou minha amiga e até tem o nome duma «namoradinha, paixão» quando eu tinha 14 aninhos bem como o



 auxiliar António Correia, meu cúmplice e companheiro nas saídas para consultas e exames no exterior e, sobretudo, um compincha a verde e branco, ou seja, um Leão não da Estrela, mas das Residências Montepio Entrecampos. E para terminar pelo começo tenho de apontar a equipa capilo-unha constituída pela Manuela (que nunca me quis fazer madeixas…) e a Noélia (que trata dos meus cascos).

 Como fui católico, mas curei-me, in fine, ite, missa est. Ámen.