Antunes Ferreira
Maria Fernanda Santiago (Nanda) era guia duma agência de viagens e
costumava acompanhar portugueses quando viajavam ao estrangeiro e visitavam os
meus, museus, igrejas, monumentos importantes et aliud. Não apenas guiava os portugueses também os ajudava no
melhor espaço para fotografarem paisagens, vistas sobre o mar, ambiente, etc.
Numa dessas
viagens a Londres, naturalmente foram ver a Torre de Londres, catedral de
Westminster, Churchill War Rooms e outros. Maria Fernandes
indicou o melhor ângulo e local para as fotografar e foram também ver os
interiores, relembrando a visita de Ramalho Eanes à catedral.
O Coliseu de Roma |
Mas, como era
evidente também foram a França e principalmente Paris. Dentre os muitos
monumentos obviamente está à cabeça deles a Torre Eiffel, mas também o Arco do
Triunfo, a Igreja de Notre-Dame e o Moulin Rouge. A Cidade Luz tem algo que lhe
confere uma imagem de monumentalidade e simultaneamente de diversão.
É preciso que
se saiba a propósito da guia que a Nanda, 28, era casada com o eng.º civil
Jorge António Santiago, 34 e o casal tinha três rebentos, o Francisco (Chico),
8, a Manuela (Nela), 6, e o Joaquim (Quim), 3. Viviam em Almada num apartamento
com quatro assoalhas, duas casas de banho, cozinha, dispensa, sala de jantar e
sala de visitas. Na garagem tinham dois locais de estacionamento e uma arrecadação.
Eram burguesia/alta.
Como
trabalhavam ambos em Lisboa todas as manhãs usavam a Ponte 25 de Abril onde
Jorge Santiago tinha o seu gabinete com dois arquitectos, um desenhador e um
informático e a Nanda ia à agência de viagens de onde partiam os autoplumans que
levavam os portugueses a vários destinos como atrás se disse. Melhor dizendo a
agência era no Continente, por seu turno as viaturas partiam da Eduardo VII.
Ambos exerciam as profissões com gosto…
Às vezes, aos
domingos saíam da outra banda num catamaran e os miúdos adoravam andar num
barco, pois nunca o tinham feito, Jorge e Nanda explicaram aos garotos o que
era o Mar da Palha e fizeram-no com todos os pormenores; é uma grande bacia no
estuário do Tejo próximo da foz do rio, se caracteriza pelos seus fundos baixos
pelos seus fundos baixos e em constante mutação. A navegação é feita pelas
calas e por canais mantidos às cotas necessários através de dragagens.
Apesar de ser um mar
interior não é invulgar encontrar vagas relativamente altas,
provocadas pela combinação do vento e das
marés e das com os fundos baixos,
sobretudo no seu estreitamento onde cria um
encontro de águas junto a Cacilhas. Na
origem do seu nome estão os resíduos vegetais arrastados
das lezírias ribatejanas
que empurradas pelas correntes e ventos. Quando
estão os flamingos que ali moram é
frequente vê-los com uma “perna” no chão e a outra
levantada.
Os garotos estavam muito
admirados com a sapiência do pai. Este que naturalmente
lhes dado o significado de alguns termos que
utilizara e explicou-lhes que
ela provinha da…Wikipédia que ele tinha consultado
há vários meses. Fora uma
verdadeira aula de geografia. No dia seguinte o “trio”
que frequentava o externato Frei
Luís de Sousa, aliás perto da casa deles, de manhã ao
começo das aulas fizeram um
vistaço quando contaram aos colegas a “aventura”
que tinham vivido. Foi um rol de
perguntas sobre o que tinha acontecido
descriminando os pormenores, o barco que tal
era? Era bonito? E é porreiro ver Lisboa caindo
sobre o Tejo? Enfim uma data de
questões que
não se apresenta se não a estória era mais longa do que a espada do
D. Afonso Henriques… Uma coisa era certa:
pareceu-lhes um “interrogatório da
PIDE/DGS”
que o pai deles lhes contara.
Nas férias grandes a
famelga conforme o prometido fora dar uma volta por Paris.
Condição sine
qua non era uma visita à Disneylândia onde passaram um dia inteiro. Ainda que a garotada a tivesse visto na televisão,
outra era ver ao perto os personagens e os ambientes criados pelo Walt Disney.
Do pato Donald até à Branca de Neve e os sete anões (Chico sabia os nomes
deles: Mestre, Zangado, Dengoso, Atchim, Soneca, Dengoso e Dunga).
Vejam lá que o Zangado lhes dera um
passou-bem, pela Bela Adormecida, pelo Pinóquio e por
outras protagonistas que tinham vistonas revistas aos quadradinhos e depois pelo cinema,
pela televisão e até na Internet.
Almoçaram no restaurante do Rato Mickey, donde depois
seguiram numa correria àDama e o Vagabundo, o Mogli, a Cinderela e acabaram
no Aladim. Ainda jantaram noParque e finalmente porque já chegara o João Pestana
regressaram ao hotel.
Resumindo e concluindo a
família era muito feliz, mas cai a nódoa no melhor pano: o
papá Jorge era ferrenho dos lampiões. Como o resto
da família era do Sporting, o
melhor clube do Mundo e arredores, com o estádio
lindíssimo, entretanto inaugurado o
Pavilhão João Rocha, volta sim, volta não, as
piadas surgiam aos montes, as trocas e
baldrocas entre os enganados, digo, encarnados, de
mimos entre o Vieira, aliás o
“Orelhas” e o Bruno de Carvalho mailo Pinto da
Costa, bem como os respectivos
directores de informação, Luís Bernardo, SLB. Nuno
Saraiva, SCP e Francisco
Marques, FCP. Os treinadores Jorge Jesus, Rui
Vitória e Sérgio Conceição também
ajudavam à missa. Dizia o pai Jorge que volta não
volta ainda andariam à porrada!
Claro que este último comentário era na reinação.
Mas, toda a estória tem um
end, mal parecia se assim não fosse. Quando
voltav
am os cinco para a outra banda um gajo emborrachadíssimo tentara apalpar o rabo da
am os cinco para a outra banda um gajo emborrachadíssimo tentara apalpar o rabo da
Nanda, o Jorge não esteve com meias medidas dera-lhe
um uppercut que o tipo até se
mijou nas calças. E um cavalheiro disse do lado
esquerdo é muito bem feito; a chatice
é que a
mulher dele vendo-o chegar naquele estado, dera-lhe um enxurro com o rolo
da massa! Entretanto
o bêbado se levantava a tremer como varas verdes, o pessoal
riu-se às gargalhadas que por certo se ouviram em
Lisboa…