2018-01-12


De Almada à Disneylândia

Antunes Ferreira
Maria Fernanda Santiago (Nanda) era guia duma agência de viagens e costumava acompanhar portugueses quando viajavam ao estrangeiro e visitavam os meus, museus, igrejas, monumentos importantes et aliud. Não apenas guiava os portugueses também os ajudava no melhor espaço para fotografarem paisagens, vistas sobre o mar, ambiente, etc.

Numa dessas viagens a Londres, naturalmente foram ver a Torre de Londres, catedral de Westminster, Churchill War Rooms e outros. Maria Fernandes indicou o melhor ângulo e local para as fotografar e foram também ver os interiores, relembrando a visita de Ramalho Eanes à catedral.

O Coliseu de Roma
Num outra viagem visitaram Roma; obrigatoriamente foram ver o Coliseu, a Via Ápia, uma pausada (a viagem tinha sete dias) deslocação ao Vaticano, diziam os entendidos que quando se vai à praça de São é obrigatório ver o Papa. E como era o Papa Francisco, tão simples, simpático e alegre, viram-no debruçado da varanda acenando à multidão de fies, mas também de homens e mulheres, vieram encantados.
Torre Eiffel

Mas, como era evidente também foram a França e principalmente Paris. Dentre os muitos monumentos obviamente está à cabeça deles a Torre Eiffel, mas também o Arco do Triunfo, a Igreja de Notre-Dame e o Moulin Rouge. A Cidade Luz tem algo que lhe confere uma imagem de monumentalidade e simultaneamente de diversão.

É preciso que se saiba a propósito da guia que a Nanda, 28, era casada com o eng.º civil Jorge António Santiago, 34 e o casal tinha três rebentos, o Francisco (Chico), 8, a Manuela (Nela), 6, e o Joaquim (Quim), 3. Viviam em Almada num apartamento com quatro assoalhas, duas casas de banho, cozinha, dispensa, sala de jantar e sala de visitas. Na garagem tinham dois locais de estacionamento e uma arrecadação. Eram burguesia/alta.

Como trabalhavam ambos em Lisboa todas as manhãs usavam a Ponte 25 de Abril onde Jorge Santiago tinha o seu gabinete com dois arquitectos, um desenhador e um informático e a Nanda ia à agência de viagens de onde partiam os autoplumans que levavam os portugueses a vários destinos como atrás se disse. Melhor dizendo a agência era no Continente, por seu turno as viaturas partiam da Eduardo VII. Ambos exerciam as profissões com gosto…
Catamarnn e Ponte 25 de Abril

Às vezes, aos domingos saíam da outra banda num catamaran e os miúdos adoravam andar num barco, pois nunca o tinham feito, Jorge e Nanda explicaram aos garotos o que era o Mar da Palha e fizeram-no com todos os pormenores; é uma grande bacia no estuário do Tejo próximo da foz do rio, se caracteriza pelos seus fundos baixos pelos seus fundos baixos e em constante mutação. A navegação é feita pelas calas e por canais mantidos às cotas necessários através de dragagens.

Apesar de ser um mar interior não é invulgar encontrar vagas relativamente altas,
provocadas pela combinação do vento e das marés e das  com os fundos baixos,
sobretudo no seu estreitamento onde cria um encontro de águas junto a Cacilhas. Na
origem do seu nome estão os resíduos vegetais arrastados das lezírias ribatejanas
que empurradas pelas correntes e ventos. Quando estão os flamingos que ali moram é
frequente vê-los com uma “perna” no chão e a outra levantada.

Os garotos estavam muito admirados com a sapiência do pai. Este que naturalmente
lhes dado o significado de alguns termos que utilizara e explicou-lhes que
ela provinha da…Wikipédia que ele tinha consultado há vários meses. Fora uma
verdadeira aula de geografia. No dia seguinte o “trio” que frequentava o externato Frei
Luís de Sousa, aliás perto da casa deles, de manhã ao começo das aulas fizeram um
vistaço quando contaram aos colegas a “aventura” que tinham vivido. Foi um rol de
perguntas sobre o que tinha acontecido descriminando os pormenores, o barco que tal
era? Era bonito? E é porreiro ver Lisboa caindo sobre o Tejo? Enfim uma data de
 questões que não se apresenta se não a estória era mais longa do que a espada do
D. Afonso Henriques… Uma coisa era certa: pareceu-lhes um “interrogatório da
 PIDE/DGS” que o pai deles lhes contara.

Zangado

Nas férias grandes a famelga conforme o prometido fora dar uma volta por Paris.
Condição sine qua non era uma visita à Disneylândia onde passaram um dia inteiro. Ainda que a garotada a tivesse visto na televisão, outra era ver ao perto os personagens e os ambientes criados pelo Walt Disney. Do pato Donald até à Branca de Neve e os sete anões (Chico sabia os nomes deles: Mestre, Zangado, Dengoso, Atchim, Soneca, Dengoso e Dunga). Vejam lá que o Zangado lhes dera um passou-bem, pela Bela Adormecida, pelo Pinóquio e por outras protagonistas que tinham vistonas revistas aos quadradinhos e depois pelo cinema, pela televisão e até na Internet.
Almoçaram no restaurante do Rato Mickey, donde depois seguiram numa correria àDama e o Vagabundo, o Mogli, a Cinderela e acabaram no Aladim. Ainda jantaram noParque e finalmente porque já chegara o João Pestana regressaram ao hotel.


Resumindo e concluindo a família era muito feliz, mas cai a nódoa no melhor pano: o
papá Jorge era ferrenho dos lampiões. Como o resto da família era do Sporting, o
melhor clube do Mundo e arredores, com o estádio lindíssimo, entretanto inaugurado o
Pavilhão João Rocha, volta sim, volta não, as piadas surgiam aos montes, as trocas e
baldrocas entre os enganados, digo, encarnados, de mimos entre o Vieira, aliás o
“Orelhas” e o Bruno de Carvalho mailo Pinto da Costa, bem como os respectivos
directores de informação, Luís Bernardo, SLB. Nuno Saraiva, SCP e Francisco
Marques, FCP. Os treinadores Jorge Jesus, Rui Vitória e Sérgio Conceição também
ajudavam à missa. Dizia o pai Jorge que volta não volta ainda andariam à porrada!
Claro que este último comentário era na reinação.


Mas, toda a estória tem um end, mal parecia se assim não fosse. Quando voltav
am os cinco para a outra banda um gajo emborrachadíssimo tentara apalpar o rabo da
Nanda, o Jorge não esteve com meias medidas dera-lhe um uppercut que o tipo até se
mijou nas calças. E um cavalheiro disse do lado esquerdo é muito bem feito; a chatice
 é que a mulher dele vendo-o chegar naquele estado, dera-lhe um enxurro com o rolo
 da massa! Entretanto o bêbado se levantava a tremer como varas verdes, o pessoal
riu-se às gargalhadas que por certo se ouviram em Lisboa…