2018-04-18






Sabes o que é

um cromeleque?



Antunes Ferreira
(Uma advertência prévia nunca fez mal a ninguém
 antes pelo contrário e por isso ela aqui fica.
Quando comecei a dar os primeiros
passos no jornalismo mais precisamente 
no “falecido” Diário Ilustrado, o Victor da Cunha Rêgo
, um dos maiores Jornalistas que conheci,
 que muito me ensinou e com quem tive
 o prazer, o privilégio e a honra de trabalhar
 deu-me uma das principais regras da redacção
 de uma notícia, de um artigo,
de um comentário, enfim de um
texto – nunca se faz um título interrogativo.
Caramba, mas este acabei de o fazer!
Privilégios da velhice? Que desculpa mais esfarrapada…)


Desde miúdo que gosto de histórias aos quadradinhos como então se dizia e continuo a dizer; aos cinco anos já sabia ler, tinha aprendido pela Cartilha Maternal o João de Deus com a minha prima Queta que tinha doze anos e era esperta como um figo (nunca percebi o porquê de um fruto da figueira ser esperto…) e por isso o meu Pai, além de comprar o Diário de Notícias e o República também adquiria o Mosquito para mim. E A Bola que era semanária.

Foi “vicio” que me ficou até hoje e que confesso com muito prazer. Quando atingi a maioridade a 20 de Setembro de 1958, por emancipação, iria no ano seguinte falecer o meu Pai, um Homem de Bem, honesto, simples, tímido, profissionalmente um gigante que ainda hoje guardo com respeito saudade e admiração. E entretanto, porque eramos uma família da média burguesia a pouca massa de que dispúnhamos foi-se acabando e eu, o filho mais velho dos sete irmãos que eramos comecei a trabalhar e estudar na faculdade de Direito de Lisboa.
Obelix

E dos poucos tostões com que tinha de me desenrascar uns quantos eram para comprar a revista francesa Pilote de histórias aos quadradinhos. Nela apareceram já em 1959 dois heróis que me acompanham até hoje, pois tenho a colecção completa deles – Astérix e Obelix.  Este último um produtor, transportador e distribuidor de menires, gozando da super-força devida à poção mágica criada pelo druida Panoramix, pois quando puto caíra no caldeirão onde este preparava a mistela.

Aqui chegado tenho de explicar o porquê desta introdução ”quadriculada”. Pouca gente sabe, mas Portugal tem monumentos pré-históricos em pedra muito mais antigos do que o Stonehenge, na Inglaterra. Na verdade, são alguns dos monumentos megalíticos mais antigos da Europa. O megalitismo trata dos monumentos megalíticos, construções monumentais milenares, com base em grandes blocos de pedras, que pesavam toneladas.

Alguns dos exemplos mais antigos de monumentos megalíticos surgiram na costa do Oceano Atlântico, na Europa, entre a Escandinávia e a Península Ibérica. Particularmente, no Algarve e Alentejo, em Portugal. A conversa que mantive com o Gonçalo Pereira Rosa – e que levou ao último artigo deste blogue – levou-me à leitura do National Geographic de Março, onde ele publicou o artigo/editorial intitulado Reviver o passado no Cromeleque dos Almendres.

Recomendar a leitura dele seria despiciendo pois j
National Geographic edição portuguesa
á disse no texto atrás referido quem é o Gonçalo. Mas sugerir uma visita ao monumento megalítico isso sim; fazê-lo é realmente reviver o passado mas um passado com toneladas de peso – porque as pedras que constituem o cromeleque são mesmo grandes. A história da sua descoberta tem muitas estórias e azares pelo meio. Foi em 1964 que o pastor António Gardunhas encontrou uma grandes pedras no sítio das Pedras Talhas (o nome vernáculo do local situado na antiga freguesia de Guadalupe ente Évora e Montemor-o-Novo).

Socorrendo-me dos documentos existentes, nomeadamente dólmenes ou antas, mamoas, cromeleques, grutas artificiais, menires e tolos inseridos no contexto da arte megalítica no nosso país foi-me possível chegar a uma totalidade de cerca de trezentos. É obra. E nada nos diz que não haja mais por descobrir. Mas se se voltar à totalidade constatar-se-á que só no distrito de Évora existem (até à data) 55 obras de arte megalíticas.

Para concluir este trabalho sem quais quer pretensões académicas, apenas informativas e muito resumidas aqui ficam algumas características dos principais monumentos megalíticos, a saber.


Menir, também denominado perafita, é um monumento pré-histórico de pedra, cravado verticalmente no solo às vezes de tamanho bem elevado.

Cromeleque, é o conjunto de diversos menires dispostos em um ou vários círculos em elipses, em rectângulos, em semicículo ou ainda estruturas mais complexas.  
O termo está praticamente obsoleto em arqueologia, mas permanece em uso como uma expressão coloquial. Trata-se de monumentos da pré-história, estando associados ao culto dos astros e da natureza, sendo considerados um local de rituais religiosos e de encontro tribal. A grande maioria dos cromeleques existentes em Portugal encontra-se em encostas expostas a nascente-sul.


Dólmen da Orca


O dólmen caracteriza-se por ter uma câmara de forma poligonal ou circular utilizada como espaço sepulcral. A câmara dolménica era construída com grandes pedras verticais que sustentam uma grande laje horizontal de cobertura. As grandes pedras em posição vertical, denominadas esteios ou ortósmos, são em número variável entre seis e nove. A laje horizontal é designada chapéu, mesa ou tampa. Existem câmaras dolménicas que chegam a ter a altura de seis metros. Quando a superfície da câmara dolménica não supera o metro quadrado, considera-se que é um monumento megalítico denominado cista.
  
Ao que tudo indica, os dólmenes apresentavam-se outrora sempre encobertos por um montículo artificial de terra, geralmente revestidos por uma couraça de pequenas pedras imbricadas, formando aquilo que se designa por mamoa


Tolo,  designa um edifício circular, seja um monumento religioso, templo ou sepultura. Na pré-história os tolos eram constituídos por uma câmara circular, com uma abertura para um corredor, e uma cúpula. A cúpula era formada por lajes de xisto sobrepostas, eventualmente com uma coluna ao centro para a sustentar.

Fica aqui concluído este modesto contributo para o esclarecimento dos que acompanham o nosso blogue que continua a tentar ser de todos para todos.