2018-01-21


profissão: morte

Antunes Ferreira
Carregar aos ombros um caixão era pesado mesmo sendo seis os gatos-pingados, pensava Ricardo 

Mendes Simões que já o fora e agora era quem organizava o serviço da Agência Funerária 

Bomsossego. Tratava de colocar a bandeja onde os assistentes ao velório e à missa de corpo presente 

e até ao funeral depositavam os respectivos cartões-de-visita com um canto dobrado e sp manuscrito. 

Mas tinha mais funções, desde colocar “em ordem” as coroas e as palmas de flores, como 

providenciar que os cirios se mantivessem acesos, até à colocação da urna na carreta funerária e a 

retirada dela à chegada ao cemitério. Profissão de enorme responsabilidade.

O velório na casa mortuária da igreja da Penha de França estivera muito concorrido, tinham
passado a noite a viúva e os órfãos, um com 28 anos, advogado, outro com 26, gestor. Como

as exéquias com missa de Requiem se tinham prolongado, a assistência era muita, a partida

para o cemitério esteve um pouco atrasada. Nada de importância, uns minutos. A propósito e

segundo a Wikipédia o Velório é uma cerimónia fúnebre em que o caixão do falecido é posto

em exposição pública para permitir que parentes, amigos e outros interessados possam honrar

a memória do defunto antes de ser sepultado; a sua duração é variada: de poucas horas a

mais de um dia, podendo inclusive acontecer durante a madrugada.


Um velório de gente importante

Geralmente o velório é realizado em  casas mortuárias  de capelas ou igrejas embora possa ser feito 
em outros lugares - especialmente quando o morto foi uma pessoa célebre, realizando-se neste caso em 

sedes de governo ou de instituições, palácios, câmaras municipais, bibliotecas, etc. 

É provável que a este costume se tenha originado na Idade Média quando os copos e pratos eram 

feitos de estanho..A  mistura de bebida alcoólica com o óxido de estanho causava uma espécie

 de narcoplrxia.. Já no século XVII os mortos permaneciam na cama antes de serem enterrados 

rodeados de médicos e familiares. Foi o caso de Georges Washington.

Tanatopraxia um tratamento raras vezes utilizado em Portugal

Um dos motivos para a realização do velório é para ter certeza que o morto está realmente morto. Para isto 

estipularam o prazo de 24 horas, Tem também o lado religioso, que dizem que é preciso aguardar 24 horas para o 


finado ser sepultado, pois o espírito do morto continua ainda presente. Uma das coisas mais intrigantes é que 


após um tratamento chamado Tanatopraxia é o procedimento de preparação do cadáver para o velório ou 


funeralPois assim o corpo não sofrerá, pelo tempo solicitado pelos familiares, as decomposições naturais.

  
A razão da prática da tanatopraxia é evitar que o cadáver se transforme num perigo potencial para a 
higiene e saúde pública, pois, foi possível registar numerosos casos de acidentes infecciosos provocados 

pelos restos mortais. Na verdade as bactérias não patogénicas num ser vivo perduram depois da morte. No 

caso de se tentar evitar a decomposição do corpo, é utilizada a técnica de aplicar injecções de produtos

bactericidas, com o objectivo de destruir as bactérias existentes como também de estabelecer um ambiente

asséptico capaz de resistir a uma invasão microbiana. Corpos mutilados também recebem tratamentos de 

restauros e cosméticas para tentar restituir o aspecto natural dos traços do defunto com o objectivo de 

atenuar o sofrimento dos familiares.

O cortejo funerário seguira para o cemitério do Alto de São João, e à passagem dele assistiam 

algumas pessoas entre as quais se benziam. Chegados ao cemitério os assistentes com o padre à frente

 dirigiram-se à campa onde o sacerdote encomendou o corpo, quatro coveiros desceram o esquife 

para a cova e o filho mais velho deitou um punhado de terra sobre o ataúde; os coveiros começaram 

o seu trabalho. Tudo isto era acompanhando por choros e orações. Regressados… Não vale a pena

 continuar um tema macabro.
Sem legenda




O Ricardo Simões que morava na Rua Peão da Meia Laranja,

num terceiro andar, com a esposa e três filhos e duas filhas (o que

era raro…) gostava de ali viver, 


mas, só tinha uma merda, a droga. Ele tinha vergonha de ver aquilo e quando o visitavam, quando a

deviam ter eram os drogados. Porém tinha de conformar-se. O apartamento era muito bom, deixara-

lo a mão viúva e fora remodelado há oito anos. Ficara uma maravilha no espaço disponível. Cinco

quartos todos com casa de banho, uma grande cozinha, uma sala de jantar, uma sala de visitas, o

escritório dele e uma dispensa. Uma varanda a todo o comprimento da sala de jantar e com uma

largura de mais ou menos cinco metros coberta por um toldo de correr. Nela estava “plantado um

guarda-sol uma mesa grande e dez cadeiras tudo em madeira.

Pelas tardes e noites do Verão, do Outono e da Primavera (se assim se podia dizer pois estavam as 

estações baralhadas, quando devia chover o sol aparecia e vice versa, se devia haver frio surgia um 

calor de espanto, enfim, os homens também assim estavam…) era ali que ele e a esposa (de seu 

nome Maria Rosa Saraiva Simões) passavam um bom bocado lendo os jornais do dia e as revistas , 

vendo televisão, naturalmente tinham mais três plasmas, um na sala de jantar outro na de visitas e 

outro no quarto do casal.

Um dia que o Mendes Simões nunca esquecerá aconteceu numa quinta-feira pelas duas da tarde.

 Os assistentes ao funeral de um coronel reformado, encabeçados pelo sacerdote iam dirigindo-se 

para a cova quando, de repente, do caixão ouviu-se uma voz em altos gritos “Parem! Parem! Não 

quero ser enterrado vivo!!!” O padre pareceu ajoelhar-se mas caiu de borco, duas senhoras 

desmaiaram, a malta voltou as costas alguns desataram a fugir, “Mas que desgraça!!! Que coisa 

horrível!!! Valha-nos Deus!!!””

O Zacarias disse para o Rebelo, ambos iam na procissão de acompanhantes “saíste-me um bom 

ventrículo,,,”