Antunes
Ferreira
Sem
sequer um sobressalto, um solavanco, o carro caiu ao rio mesmo ao lado da
estação Transtejo-Seixal. Dentro dele um casal que sem tugir nem mugir nem se
deu ao luxo de usar o travão. Caíram, apenas caíram, num baque redondo e surdo
e imergiram A malta que esperava o barco e tinha gritado Cuidado! Cuidado!
Ainda se dá uma tragédia! E deu mesmo!
Foi suicidado o dito cujo casal e o VW
Golf também o foi. Resta agora saber quem os suicidou. Facto provado foi um acto
que se tratou de um autossuicidado ou dum suicidado-auto. Até pareceu o Rali de
Portugal. Face à desgraça em Palmela a Autoeuropa mandou que a bandeira da VW fosse
posta a meia haste. Durante toda esta salgalhada, a inconstante Constança pediu a demissão aceite pelo primeiro-ministro à velocidade de 1456,17 km/hora.
O Inimigo Público informou que consta que a Madona se propôs substituir a
admitida demitida.
Perante
este verdadeiro riomote, só restou ao autor investigar o que realmente teria
levado ao autossuicídio. De acordo com fontes muito bem consideradas, e muito conhecedoras do tema as, ouvira os mergulhadores da Administração do Porto de Lisboa, os senhores José Monteiro
Nicolau e Segismundo Oliveira da Serra que pediram o anonimato o qual foi aceite imediatamente pelo autor. De acordo com eles a versão da estória que se segue é fundamental. E voltaram a mergulhar; ninguém os suicidou.
... fazer um aborto... |
A estória do
casal suicidado é triste. O malandro no meio de uma brincadeira mais animado engravidou
a moçoila, e propôs-lhe fazer um aborto; ela respondera-lhe: nem pó! A
criança ver ser um filho da mãe com o orgulho dela e completara a afirmação – não
aborto, não aborto, não aborto!!! E terá mandado às urtigas o malvado proponente.
Houvera uma grande discussão e no final desta chegaram à conclusão que alguém os
suicidaria. E zás! Tejo para os três: o casal e o Volkswagen Golf.
As dificuldades
acentuavam-se e quase em desespero decidiu o autor procurar documentação: o Compêndio das estórias da História de
Portugal e de outros países que foi
o que mais o ensinou. Não muito longamente para evitar a deserção dos que ainda
me aturam aqui fica uma súmula dos que foram suicidados. Logo no início da cena, Afonso
Henriques suicidou Dona Tareja na batalha de São Mamede. Um país que começou
com um filho a bater na mãe não é, não pode ser uma grande espingarda.
Conta-se que
o futuro rei de Portugal durante a porrada terá bradado Trava! Fernão Peres de
Trava! quisto aqui não é o da Joana! È do Afonsinho! E o conde galego travou
mesmo. E por isso voltou para a Galiza com o rabo entre as pernas porque o
infante o suicidara. Vergonhas. Vamos encontrar na conquista de Lisboa aos
mouros um bom exemplo dos antecedentes dos suicidados, pois um carro de bois
dos cruzados ingleses que ajudaram o príncipe caiu ao Tejo e com o peso das
malhas de ferro e das armadoras os seus ocupantes foram suicidados.
TravaTrava!!! |
Luis XVI à rasca na guilhotina |
Muito
mais exemplos poderia o autor aqui registar. O rei Dom Caros igualmente foi
suicidado pelo Buiça; foi o regicido. Quanto a outros países encontrámos na Inglaterra o Martinho Lutero que, além de ser
o reformador, foi reformado e suicidado em Londres. Da Revolução Francesa nem é bom
falar: foram suicidados mais que muitos numas guilhotinas que se conhecidas como máquinas de fazer suicidar cabeças. Destaca-se a do rei Luís XVI. Ponto final
parágrafo; na outra linha.
Volte-se
entretanto para a pergunta do título: quem os suicidou? Todos se recordam do
mister Jack Karkovian, o Senhor Morte, e da sua máquina da morte ou seja do
suicídio assistido. Por isso ficou mundialmente conhecido. Se se fala de suicídio
assistido, a máquina de suicidar salta à arena. Vejam: se se tratasse de
máquina de costura Singer ou a de picar carne Moulinex, estas não teriam a
publicidade que tem a do Jack - e são também suicidoras. Das chitas e do algodão
aos hambúrgueres e almondegas elas
também são gente! Só que a sua dimensão publicitária não tem o mesmo impacto.
Mesmo assim pergunta o autor: assistido por quem? Será preciso que a
assistência deva pagar bilhete?
O Senhor Morte |
Estas
congeminações têm que lhes diga porque sempre houve, há e haverá discrepâncias
entre os suicidados homens e mulheres. Porque será que se pergunta, meus Amigos, qual a
diferença entre homens e mulheres? Óbvio: a diferença entra…
No entretanto prossegue o drama: quem os suicidou? Em
boa verdade não sabe o autor responder. A tentativa felizmente abortado do aborto? A Autoeuropa? A propaganda ao Senhor Morte? O Fernão Peres de Trava que travou? O nosso primeiro rei? Tem o autor apenas uma suspeita que não se exime de aqui exarar; não se julgue o faça pelas sete chagas do Cristo. Nunca o faria! Mas aquele namorado do polícia??? Acha o escriba que é uma singular coincidência a estória do cívico estar a falar com ele no Smartfone: quiçá fosse uma ordem peremptória do gajinho: deixa-te de tretas e diz ao casalinho que vá pró cara..., ops, se autossuicide Cheirou-lhe a esturro, mas nada pôde concluir. Os queridinhos dos agentes da PSP, sobretudo dos que falam ao smartefone são muito capazes disso. E de muito mais. Diria o Senhor doutor Perry Mason: o que é preciso são factos; sem eles não se pode culpar quem quer que seja,
Na Faculdade de Direito de Lisboa onde o autor fingiu que andava a estudar falava-se muito sobre o contraditório e não pôde obviamente ouvir a outra parte, pois estava toda molhada. Os rapazinhos dos senhores guardas, sobretudo os que andam de giro, apesar que se defenderem na presunção da inocência calam-se por mor das moscas... Tantas chatices, tantas consultas, tantos
compêndios, tantas investigações e no fim – niente. Pede o escriba as mais sérias
e sinceras desculpas àqueles que esperavam uma resposta. Mas como é sabido, o
autor é pluriverdadeiro, repudia a mentira e quem a apoiar; é como o
azeite que vem sempre ao cimo da auga. R.I.P.
Na Faculdade de Direito da UL |
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