2018-01-04

pulicar




Um passeio 

por Lisboa
Antunes Ferreira
Valdemar tinha a mania de substituir o V pelo W e assim ficava Waldemar. Diziam os colegas no Banco onde ele trabalhava que devia ser por distinção e saía uma galhofa de se rebolar pelo chão. Mas, cuidado, o chefe da secção era mau como as cobras (no serviço, porque em casa é que era a mulher quem mandava e ele ficava um cordeirinho parecido, salvo seja, com aqueles em que os pastores estavam no presépio) V/Waldemar era um fã d’BOLA porque se dizia que era a Bíblia… Com esses e ´tramas, no fundo do coração era das papoilas saltitantes: era do Benfica.

Afinava com os lampiões que considerava sacana de, sabe-se lá se a origem dos Leões e aos amigos contara que os sportinguista já não viam o padeiro há catorze anos, E quando rasgou a mala sina há catorze anos, era treinador o Inácio que até dedicara o triunfo ao Pai que estava no Céu (coisa em que não cria o Inferno. Era ateu…). Havia quem disse-se que o melhor do Mundo; No antigamente dizia-se: quem não é do Benfica não é bom pai de família! E se  há um benfiquista que vinha do campo bêbado quem as “pagava” era a mulher que levava uma carga de porrada! Hoje as cisas não bem assim, Há muitas mulheres que assistem ao jogo nas bancadas dos estádios. Na Catedral há uma porrada delas.

Futebolistas- mulheres do Benfica com uma Taça
Já quanto às mulheres jogarem futebol W/Vicente não gostava. Dizia que o futebol era para homens de barba rija. E muitas delas eram fufas. Alem do mais até eram “árbitras”. Vejam lá! Quem jogava não devia aceitar ser julgado por uma “árbitra”! Quem conversava era no restaurante do Benfica que tinha mais lugares de restauração, onde os benfiquistas davam trela uns aos outros. Pois ser benfiquista é ser Deus! Afirmava ele que era um exagero, nem tanto amar nem tanto à brava…Tinham-lhe dito que a antiga sede era no Jardim do Regedor onde iam sócios à brava e quase todos os dias. W/Valdemar ouvia-os recordar velhas lembranças e teria gostado de fazer parte deles.

Bom, deixe-se o Sport Lisboa e Benfica por muito pesar. Volte-se então ao nosso herói, quase nunca usava os apelidos. O chefe e os funcionários usavam o que vinha no Cartão de Cidadão: Valdemar (os gajos da Loja do Cidadão deitavam às urtigas o W) Martins da Silva Marques. Todos (ou quase todos) os utentes das diversas Lojas dos Cidadãos diziam que elas eram muito boas pois tinham uma virtude: nelas as pessoas tratavam de muitos documentos sem de deslocar às Conservatórias, à Polícia Judiciária (Essa agora, será que os inspectores nos vão prender? onde nos engavetam? Cama aí, o edifício onde está instalada agora a Pê Jota era antigamente o local onde se ia tirar o Bilhete de Identidade) Porra! Tanta conversa para dar o Cartão de Cidadão…


Ambulância do inem

Adiante que se faz tarde. A secção onde o W/Valdemar trabalhava pertencia ao Ministério da Saúde. Aliás vá-se “tratar da saúde” ou seja vais levar umas taponas c’até ficas feito num oito! Hahaha.  Obviamente dirigiu-se ao Ministério (que fica na rua João Crisóstomo) pedindo para chamar uma ambulância porque logo de manhã o tio Jacinto partira uma perna. Chamaram rapidamente o inem. Chegada a ambulância o W/Valdemar seguiu mais sossegado, telefonou ao chefe para o informar que estava acamado. Era uma mentira porém todos o dizem… A merda era que alguém da secção o visse passeando. Que se lixe…
Avenida Liberdade



E por passear deu um passeio aos Restauradores. Descendo a Avenida da Liberdade o nosso amigo ia assobiando; estava um tempo tão porreiro que até sentou-num quiosque para tomar uma Água das Pedras. Traçou as pernas e pediu se tinham jornais. O empregado dissera-lhe não tinha mas um pouco mais adiante havia uma banca onde ele podia comprar jornais, revistas e problemas de palavras cruzadas e todos portugueses e estrangeiros. W/Valdemar comprou o “Diário de Notícias” que já o seu pai afeiçoara-se ao jornal e ele seguira-lhe as pisadas.
 
Arcadas do  Terreiro do Paço

Como estava livre e pensava que era um bom rapaz foi-se ao Terreiro do Paço, que pensava ele com os seus botões que estava mais lindo com os novos arranjos a dar pró Tejo. Assim chegado à magnífica praça que ele considerava a melhor dentre muitas do Mundo; não que as conhecesse pessoalmente, mas tinha visto nas televisões. A lendária praça de Veneza, chamada praça de São Marcos até lhe ficava atrás. “Arrumadas” as congeminações, foi sentar-se a um dos restaurantes que dizia ele tinham vindo a embelezá-la, Desta feita pediu um café descafeinado e ficou-se por ali embalado na água do Tejo…

Sacana dum cão sem treta nem açamo alçou a perna e mijou nas calças. Filho da puta, o dono (ou seria cão de rua?) devia ensinar-lhe que devia fazer xixi numa caixa de madeira que deveria ter em casa. Ora bolas fora um belo passeio e terminara assim..