2017-12-03

Mapa Mundi


Antunes Ferreira

Biblioteca do Convento de Mafra

E m  Portugal a existência de bibliotecas reparte-se por muitos lugares. Tome-se por exemplo a biblioteca de Mafra, a 
biblioteca Nacional em Lisboa, a biblioteca da Inglaterra e outras 
espalhadas  pelo país, o que acontece também Espanha, 
França, Reino Unido e uns bons milhares na Europa; 
são mais de 70 mil. Se as fossemos contar com os outros 
continentes penso que seriam mais ou  menos uns milhões Isto significa a importância que elas têm
 tido ao longo da História da Humanidade. Conheço algumas…

Os livros que elas encerram vão da escrita cuneiforme até à escrita em papel, Naturalmente na pré-história e na Idade Média, chegando ao século XXI. Principiei a gostar do tema quando 
encontrei uma... namorada que consultava livros e documentos. Na altura tinha eu 17 anos e ela 16 
Paixões da juventude que começam Entusiásticas e acabam voando… Até quando? Quando
 somos jovens aleitamos sonhos miríficos pintados de azul, cor do céu. Porém chegados a adultos, 
caímos em nós próprios e estamos feitos.

Adoro recuar nos tempos que já vão, embora não seja saudosista. Há coisas de que nos lembramos; acho piada recordo acontecimentos que tiveram lugar nas minhas  Meninice e 
juventude, acho que acontece quando chegamos a velhice que no politicamente correcto é a
 Terceira Idade. Quem teria sido o marmanjo que  inventou a  expressão? No mínimo deveria ter 
sido pendurado num pelourinho… Uma coisa está certa: as coisas correctas e as coisas 
poeticamente correctas. Ninguém é bom juiz em causa própria.


Porra! Dispersei-me com o barulho das luzes. Caramba! Voltemos às bibliotecas que, diga-se não são as causadoras de um namorico. Então conto a sensação de carinho quando encontrei em Vila 
do Conde a Biblioteca José Régio. Foi um abraço entre Vila do Conde e Portalegre.  Quando visitei 
em Seide a casa-museu do Camilo Castelo Branco. Na biblioteca do grande escritor que ali está 
encontrei a correspondência dele e a  Ana Plácido. Foi  um drama do autor do Amor de Perdição. 
Por causa da sua vida atribulada viria  a  ter sífilis, chegaria a cego e suicidar-se-ia, Não resisto a 
transcrever aqui a carta dele ao famoso ofoftalmologista aveirense, Dr, Edmundo Magalhães 
Machado: 
Camilo Castelo Branco

Iillmo. e Exmo. Sr.,
Sou o cadáver representante de um nome que teve alguma
 reputação gloriosa n’este país durante 40 anos de trabalho. Chamo-
me Camilo Castelo Branco e estou  cego. Ainda há quinze dias podia 
ver cingir-se a um dedo das minhas mãos uma  flâmula escarlate.
 Depois, sobreveio uma forte oftalmia que me alastrou as córneas e
 tarjas sanguíneas. Há poucas horas ouvi ler no Comércio do Porto o
 nome de V. Exa. Senti na alma uma extraordinária vibração de 
esperança. Poderá V. Exa. salvar-me? Se eu pudesse, se uma quase
 paralisia me não tivesse acorrentado a uma cadeira, iria procurá-lo. Não posso. Mas poderá V. 
Exa. dizer-me o que devo esperard’esta irrupção sanguínea n’uns olhos em que não havia até há 
pouco  uma gota de sangue? Digne-se V. Exa. perdoar à infelicidade estas perguntas feitas tão sem
cerimónia por um homem que não conhece.
Camilo Castelo Branco

Agora vou contar a antiga e recente história das bibliotecas que é marcada por factos de pura resistência do conhecimento . Ela vem sofrendo ao longo dos anos a  acção do tempo, as guerras, 
 e mesmo assim, elas  conseguiram sobreviver a todos os ataques.
 
Copista
Na Idade Média por exemplo, as bibliotecas quase foram extintas, principalmente pela acção de censura católica. Mas, 
contraditoriamente, foi-nos mosteiros que elas  foram 
reservadas em esconderijos, e que elas conseguiram mais uma 
vez salvar-se.Na verdade, as bibliotecas são a metáfora da 
Fénix que segundo a tradição egípcia, era uma ave fabulosa que
 durava muitos  séculos e quando queimada, renascia das próprias cinzas.

Toda a saga das bibliotecas antecede a própria história do livro vai encontrar abrigo no momento em que a humanidade começa a dominar a escrita. As primeiras  bibliotecas que se tem notícia são
Tabletes escritas em cuneifome
 chamadas "minerais", pois os seus acervos eram constituídos
 de tabeles de argila: depois vieram as bibliotecas vegetais e
 animais,  constituídas de rolos de papiros e pergaminhos. 
Essas são as bibliotecas dos babilónios, assírios, egípcios,
 persas e chineses. Mais tarde, com o advento 
papel, fabricado pelos árabes, começam-se a formar as
bibliotecas de papel e, mais tarde, as de livro propriamente dito.

Até o momento, os historiadores acreditam que a biblioteca mais antiga seja a biblioteca de Ebla, encontrada em 1975 na Mesopotâmia cujo acervo era formado de placas de argila escritas 
em caracteres cuneiformes datados de 2500 anos antes de Cristo. Mas nenhuma foi tão famosa 
como a biblioteca de Alexandria, no Egipto. Elateria de 40 a 60 mil manuscritos em rolos de papiro,
 chegando a possuir 700 mil volumes. A sua fama é atribuída, além à grande quantidade de
 documentos, também aos três grandes incêndios de que foi vítima.
 
Biblioteca de Alexandria
Mas outras bibliotecas também tiveram grande importância, como as bibliotecas judaicas, em Gaza; a de Hattusa, na 
Anatólia e a biblioteca de Pérgamo, que foi incorporada à de 
Alexandria, antes de sua destruição. Os gregos também 
possuíam bibliotecas, mas as mais importantes eram 
particulares de filósofos e teratólogos A partir do século XVI é 
que as bibliotecas realmente se  transformam, tendo 
como característica a localização acessível, passam a ter carácter intelectual e civil, 
democratização da informação é especializada em diferentes áreas do conhecimento.

Bom. Vamos à estória que sai em todos os artigos. Em Espanha existe a tradição de ir comprar livros, aliás como nos países “civilizados”. Por cá usa dizer-se em tom galhofeiro que de Espanha
 não há bom vento, nem casamento. Realmente os nuestros hermanos não são grandes fãs dos
 portugueses e vice versa. Quase todas as guerras em que entrámos metiam castelhanos  e depois
 espanhóis e também  todas resultaram em vitórias dos lusos. Em resumo entre vizinhos 
fronteiriços há normalmente grandes arraiais de chapada

Mapa Mundi... de Madrid

.Quando uma senhora depois de ter estado numa biblioteca entra numa livraria para comprar um
 livro pede ao empregado como se pode reconhecer que se trata duma espanhola? Quero comprar 
m mapa mundi de Madrid.
  

14 comentários:

  1. Que bela partilha onde não falta o humor inteligente!!!
    Um belo de um DOMINGO!!!

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    1. Querida Gracinhamiga III

      Agradeço-te o voto mas este domingo é... 10 de Dezembro... Explico - podes ver o post inicial e logo verás...

      Qjs do
      Henrique, o Leãozão

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  2. Um texto muito interessante sobre a criação, o desenvolvimento e o interesse das bibliotecas. Gostei imenso, já que sou bibliotecária e fiz toda a minha vida profissional em bibliotecas.
    Claro que o teu toque de humor também não faltou.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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    1. Querida Gracinhamiga II

      Komkemtão poetobiblioticária'... Palavra de onte... honra que me deixas ma vez mais maravilhado: curiosa coincidência - eu também fui bibliotecário: voluntário ande com uma carrinha da Gulbenkian que emprestava livros.

      Bom, convido-te a ler o comentário inicial escrito em castelhano (falo e escrevo correctamente a língua dos bi>perros castellanos

      Vê lá tu, querida Amiga: em Tenerife contei bastantes anedotas...em castelhano. Por exemplo a dos barris, a das duas morenas e uma loira no deserto e outras mais- Con ellos las bromas fueran un suceso

      Qjs do Enrique el lèon grande

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  3. Um excelente texto com o qual qprendi uma série de coisas.
    Gostei da anedota.
    Abraço e uma boa semana

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    1. Querida Elvirinhamiga

      Muito obrigado. Aconselho-te a ler o post inicial

      Qjs do Henrique, o Leãozão

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  4. Qual é a definição de orgulho extremo?
    O espanhol que há dentro de nós :)))
    Aquele abraço para ti, beijos para a Raquel, boa semana

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    1. Caro Coimbramigo

      Bingo!

      Triqjs e abç para tu

      Do teu amigo Henrique, o Leãozão

      En passant lê o post inicial 'brigado

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  5. Bibliotecas são uma das minhas grandes paixões.

    Conheço muito bem a biblioteca de José Régio em Vila do Conde, eu não fosse eu uma mulher do Norte.

    Desejo-te uma boa viagem e uns dias tranquilos.

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    1. Querida Teresinhamiga

      Já vista na resposta que dei à Gracinhamiga II? Num breve resumo andei com uma biblioteca "às costas" :-)

      Foi uma excelente viagem. Lê o post inicial

      kleine Käse

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  6. Olá, Henrique, fantástica essa tua postagem, pois adoro bibliotecas! Também não sou saudosista, mas o passado quando histórico é deslumbrante. Acho que conservo algo do período antigo ou medieval, porque não? Em outras vidas fui coveira medieval, segundo testes. Bom isso, não? COVEIRA.
    Bem, uns pitacos nos pontos hilários... Terceira Idade tá difícil de entender, hein, amigo? Mas pior é "Feliz Idade"! Essa é pra matar. Gostaria de conhecer esse infeliz criador!
    Parabéns pela tua postagem, está bem didática, juntamente com uns 'pitaquinhos' do Henrique para não esquecermos dele nesses 10 dias.
    Beijo a ti e Raquel, divirtam-se.

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    1. Querida Taisamiga

      Abalancei-me a estudar o período protostohistico e vi/li coisas que aprendi. O período que estudei deslumbrou-me. Já não posso informar sobre as bibliotecas :-))))

      No que concerne à viagem - foi maravilhosa; Tenerife é um espanto!!!
      e serviu-nos para tirar as teias de aranha do cérebro (doença do meu irmão) relaxar, descansar dos trotes desta vida. Realmente não podia esta iniciativa ser melhor

      Qjs do te amigo
      Henrique, o Leãozão escriviendo-me en castellano

      Abç para o Pedro

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  7. Quanto a mim, a mais antiga biblioteca de que tenho memória, é a itinerante da Gulbenkian. Na minha juventude, todas as semanas esperava a carrinha para entregar e levantar livros. A essas milagrosas carrinhas devo o meu gosto pela leitura a partir dos 10/11 anos. Acho que já há muitos anos que não existem, mas não se perdia nada se essas carrinhas fossem reinventadas...
    Magnífico post, caro amigo, parabéns.
    Continuação de boa semana, caro Henrique.
    Um abraço.

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  8. caro Jaimamigo

    P'está claro o motivo por que adoro as bibliotecas. Lê Artigo em cima.


    Abç do teu Amigo

    Henrique, o Leãozão

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