Tal como tinha informado e
baseado na
nossa querida Amiga Elvira Carvalho
começo hoje a publicar uma
séria de textos de
ficção sobre a doença de Down
ou seja o
mongolismo
A acção decorre no século
passado e
O tema é delicado mas
infelizmente
afecta muitas famílias.
É
difícil viver
com
um irmão
mongoloide
Antunes Ferreira
Tinha
nove anos quando nasceu o meu irmão Frederico. Lembro-me vagamente de quatro
anos antes quando a minha mãe deu à luz a minha irmã Leonor ter havido uma
grande festa lá em casa, até o pai Gilberto abriu uma garrafa de champanhe do
verdadeiro, no rótulo tinha champagne e o pai disse que era francês.
Mas
na tarde do dia 8 de Agosto do ano de 1959 quando o pai voltou da maternidade
trazia um rosto fechado completamente diferente. A avó Lurdes tinha-nos avisado
que graças a Deus já nascera um novo mano, no entanto arvorara um sorriso doce,
um sorriso que só ela sabia usar, mesmo nas horas mais difíceis.
A
tia Elsa, irmã da mãe, fora buscar-nos ao colégio Valsassina e quando lhe
perguntara se já nascera o bebé e se era menino ou menina respondera-me que
quando saíra de casa ainda nada se sabia. Depois foi o que aconteceu e que já
contei e fiquei com uma grande suspeita: ali havia coisa. O que seria? Em vez
de risos e festas, rostos carregados e desanimados.
Quando
nos sentámos à mesa para jantar o meu pai que como sempre ocupava a cabeceira
da mesa uniu as mãos inclinou a cabeça e começou a rezar Pai nosso que estais nos Céus… e nós fomos respondendo até ao amém final. Estava a família toda
reunida excepto a mãe ainda na maternidade, a tia Elsa, a Leonor na cadeirinha
de criança, a avó Lurdes, o primo Olegário que andava em Direito e morava lá em
casa pois os pais viviam em Celorico de Basto e eu.
Foi
então que o pai anunciou com um ar um tanto solene e meio sisudo que já
tínhamos um novo irmão mas que por vontade de Deus nosso Senhor nascera um
pouco diferente porém devíamos amá-lo, tratá-lo, acompanhá-lo e ajudá-lo em
tudo o que ele necessitasse e virando-se para mim dissera-me que eu sendo o
primogénito tinha de ser o primeiro a tomar conta dele, bem como toda a
família. Não perguntei porquê, mas fiquei a matutar no assunto.
Quando
me fui deitar e antes de me encomendar ao meu Anjo da Guarda o pai veio
aconchegar-me o lençol e o cobertor de Verão e disse-me: Armando o teu novo irmão vai chamar-se Frederico que era o nome do teu
avô materno casado com a avó Lurdes, um homem de bem como sabes. Tens de honrar
o nome e cuidar com a maior atenção o Frederico porque ele precisa de ti em
especial. Claro que lhe respondi com um sim imediato. Ele afagou-me o
cabelo, deu-me um beijo, apagou a luz eu virei-me para o lado e tentei dormir.
Levei mais tempo do que habitualmente. O que se passaria?
Dois
dias depois fui com a tia Elsa no carro do pai à maternidade ver a mãe e o bebé
e qual foi o meu espanto quando vi que ele tinha o aspecto de ser mais ou menos
achinesado e bastante enrugado. A mamã que me conhecia muito bem – era o seu
primogénito – disse-me num tom suave mas meio magoado que não me preocupasse
porque Nosso Senhor tinha decidido que o Frederico teria esse ar mas era igual
aos outros meninos tinha corpo e alma como todos.
Claro
que sorri e para não restar quaisquer dúvidas dei um beijinho levemente no meu
maninho, fiz-lhe uma festinha sob o olhar embevecido da mamã, papá e da tia
Elsa. No entanto tenho de confessar que por dentro estava muito atrapalhado.
Por que razão Jesus nos dera um Frederico diferente? Que pecado por certo
mortal teria acontecido para tamanho castigo? Numa família profundamente católica
aprendera que Deus que era só bondade e misericórdia. Que se passara?
Na
volta para a casa vinha a pensar que o pai que era capitão engenheiro se calhar
tinha-se enganado nalguns cálculos e originado um grande desastre com muitos
mortos e feridos. Mas nunca ouvira falar nisso. Não, ali havia coisa e coisa
muito complicada. A tia Elsa eu vinha sentada no lugar o morto (nunca percebera
qual o motivo porque um falecido tinha sempre o lugar ao lado do condutor) virou-se
para trás Ó Armandinho vens muito calado,
vens a pensar na morte da bezerra? Não percebi Na morte de quem?
Pela
primeira vez nesse dia vi e ouvi os dois soltarem umas gargalhadas, curtas
embora, mas risonhas, e ela explicou o que a expressão queria dizer. Depois, a
curta viagem prosseguiu em tom soturno. Arrumado o carro quase em frente do
prédio onde morávamos subimos ao segundo esquerdo e os três fomos para a sala
de estar. Foi aí que comecei a entender o que se estava a passar.
A
tia Elsa era enfermeira, trabalhara no Hospital de São José mas dera baixa e
estava em casa. Tinha estudado para ser médica mas acontecera qualquer coisa e
desistira e fora para enfermeira. Era ela que explicava o sucedido. O Frederico
tinha nascido com a doença de Down que é a trissomia 21, uma condição
cromossómica causada por um cromossoma extra no par 21. Crianças e jovens
portadores da síndrome têm características físicas semelhantes e estão sujeitos
a algumas doenças.
Embora
apresentem deficiências intelectuais e de aprendizagem, são pessoas com
personalidade única, que estabelecem boa comunicação e também são sensíveis e
interessantes. Quase sempre o “grau” de acometimento dos sintomas é
inversamente proporcional ao estímulo dado a essas crianças durante a infância.
Não
tinha percebido tudo e então ela trocou por miúdos a que dissera explicando o
que eram os cromossomas e quantos havia habitualmente. Perguntei-lhe se havia
tratamento para a doença e a tia Elsa disse-me que sendo genética – e genética (que vem do grego geno; fazer nascer) é a especialidade da biologia que estuda os genes, a hereditariedade e a variação
dos organismos e a forma como estes transmitem as características biológicas de
geração para geração.
Fiquei um pouco mais esclarecido e a tia disse-me que ia
conversar mais comigo sobre o assunto o que mereceu a concordância do meu pai. Estava
então a caminho a ligação profunda que se iria estabelecer entre o Frederico e
eu. E de que irei dando conta no próxima texto
(Continua)
Passei e li com muita atenção. Quero seguir este assunto, por favor avise-me quando publicar o post seguinte.
ResponderEliminarGrata
Abraço da noname
Minha querida nonamamiga
EliminarPodes estar descansada. Vou informar-te atempadamente do que vai acontecendo, aliás como faço sempre. Mas posso adiantar que tenciono pelo menos postar um texto uma vez por semana. Sem compromisso.
Muitos qjs deste teu amigo
Henrique, o Leãozão
Henrique, li e gostei do tema e imagino o quanto naquela época esse fato deve ter mexido com todos. Hoje já tudo é mais sabido e natural. Vamos te acompanhar! abração,chica
ResponderEliminarMinha querida Chiquitamiga
EliminarO tema sempre foi, é e será controverso mas, na verdade na época do "Estado Novo" ou seja do fascismo em Portugal era muito complicado. As pessoas tinham vergonha de terem mongolóides na família e os cidadãos apontavam-nos quando passavam por eles na rua. Eles próprios não queriam expor-se. Um diabo duma situação.
Muitos beijinhos deste teu luso amigo
Henrique, o Leãozão
Caro HenriquAmigo.
ResponderEliminarAbordas um assunto delicado e pertinente, que me dará muito gosto ler e saber mais sobre a síndrome de Down. Todas as crianças e jovens que tenho conhecido, são muito meigas e socializam facilmente com toda a pureza que lhes vai no coração.
Nem de propósito, Henrique; ontem estive numa loja de artigos de desporto para comprar uns ténis que fossem tão confortáveis, como os que levava calçados, mas de cor diferente. Quando explicava ao funcionário o que pretendia, aproximou-se uma senhora. Tinha na mão um papel onde alguém havia escrito as características dos ténis desejados. "O que a senhora deve querer é isto" - disse-me, mostrando-me o papel. Entabulámos conversa e nem me apercebi que vinha acompanhada de um jovem, aparentando uns 18 - 20 anos, até ele me tocar no ombro e me perguntar o nome. Disse-lho, sorrindo e, acto contínuo, o rapaz entende-me a mão e apresenta-se: "Eu sou o M. És muito simpática". A mãe encarou tudo com muita naturalidade. Quando se afastaram - não havia o que a sra. pretendia - meditativa e embrenhada em cogitações, acabei por vir embora sem comprar os ténis.
O rapaz tinha todas as características de ser portador da síndrome de Down. Um doce de menino; tão puro, frágil e inocente, como só o podem ser as frágil flor...Que futuro espera estes jovens, que serão sempre crianças?
Obrigada e desculpa o desabafo, Henrique.
Beijinhos.
Minha querida Janitamiga
EliminarTento fazê-lo e imodestamente o digo faço-o sabendo que sou capaz de o fazer. Gaba-te cesto...
Tinha em Luanda uma família vizinha com uma filha mongolóide que tinha 27 anos, meiga e carinhosa mas muito envergonhada com quem eu tentava conversar quando vinha fardado do quartel e a quem ela correspondia sempre com muitos sorrisos e portanto bem disposta. Chamava-se Zulmira.
Uma tarde a mãe Dona Adelaide veio a nossa casa falar connosco e agradecer-me a atenção que dava à sua filha única e além disso revelar-me que a Zulmira estava apaixonada por mim. Que havia eu de fazer? Alimentar a crença da mulher/criança? Que pensava a mãe? E o pai? E a Raquel que assistia à conversa?
Foi para mim um momento arrepiante. E logo decidi deixar que as coisas corressem livremente, com naturalidade, sem fazer esforços aliás desnecessários, decisão que colheu a concordância da Dona Adelaide, da Raquel e do pai Adriano que entretanto fora chamado.
Passaram dois meses e dezasseis dias e a Zulmira morreu quando dormia. A Raquel e eu fomos ao velório (tenho de dizer que detesto velórios) e já junto à campa prometi a mim próprio que um dia escreveria sobre o síndrome de Down. Está cumprida a promessa.
Cada vez que encontro alguém que é doente de Down e infelizmente são bastantes os que o sofrem - lembro-me da Zulmira e do seu sorrido e... da sua paixão pelo alferes e depois tenente miliciano fardado que era contra a guerra mas cumpria a sua obrigação.
Um ser humano é apenas e só um... ser humano com todos os direitos a sê-lo. A cor da pele pode ser diferente, o cabelo também, os membros mais ou menos compridos, os olhos de cores diferentes, os narizes igualmente, mas lá por dentro todos temos corações, pulmões, rins, fígados, estômagos, bexigas, etc iguais.Todos diferentes - todos iguais.
Minha querida não tens nada de pedir desculpa, sabes que és sempre em vinda. E muito obrigada pelo teu magnífico comentário.
Muitos qjs do casal Ferreira que te adora
*corrijo...'as frágeis flores', obviamente. :)
ResponderEliminarTá corrigidérrimo... mas não habia nexexidade
EliminarMe cuesta leerlo.
ResponderEliminarEl traductor automático no traduce bien.
De lo que he entendido me quedo con la ternura que me provocan esos niños.
Saludos.
Ni querido Toro Salvajamigo
EliminarTodo bien; gracias.
Abrazo
Henrique, o Leãozão
Li o texto com muita atenção. Penso que deve ter sido difícil naquela época, para o Frederico, e principalmente para a família. Nunca conheci ninguém portador da doença de Down. Tenho conhecido crianças e adultos com vários tipos de doenças, entre elas o autismo mas com o síndrome de Down não. Tudo o que sei sobre a doença tenho lido na Internet, ou ouvido na TV.
ResponderEliminarAcompanharei este relato de vida, e deixo um abraço amigo.
Minha querida Elvirinhamiga
EliminarMesmo sem te pedir autorização tenho de te agradecer ó minha musa, ó minha Tágide... :-)))
Peço-te o favor de ler a resposta à Janita e compreenderás o motivo da abordagem ao síndroma de Down.
Muitos qjs do teu amigo e admirador
Henrique, o Leãozão
Um tema sensível este. Conheço um rapaz mongolóide, irmão de uma amiga, é uma pessoa excecional, conseguiu aprender a contar e até a ler e é muito educado. Ajuda a tomar conta da lavagem de carros da família sendo muito responsável. Uma joia de pessoa :)
ResponderEliminarMinha querida Gajamiga
EliminarComo vês os portadores da doença de Down são para usar a linguagem up to date - malta bué fixe. Com o desenvolver do "folhetim" verás do que o Frederico vai ser capaz.
Muitos qjs deste teu amigo
Henrique, o Leãozão
Não consigo pôr-me na pele de quem tem de lidar pessoal e directamente com portadores desta deficiencia genética. Um assunto nada fácil de abordar e, por isso mesmo, é meritória a narrativa que expliqye e descomplique as dúvidas que assaltam qualquer mortal.
ResponderEliminarAbraço Henriqamigo.
Meu caro Agostinhamigo
EliminarComo podes ver na resposta que dei à nossa Janitamiga eu soube, sei e creio que saberei. É essa a intenção que preside à escrita que sendo embora ficção baseia-se na realidade pura e dura. Veremos o que for capaz de fazer porque creio que o assunto vai dar para muita escrita.
Um abração deste teu amigo e admirador
Henrique, o Leãozão
Um desabado e uma proposta/sugestão:
A) O fdp (por extenso filho da puta do criminoso BdC só lá vai com um tiro na cornadura e
B) Sugiro um almoço para nos conhecermos pessoalmente em pessoa (???). Kaxas? Se sim, marka hora e local, tá?
Gostei muito de como começou, fiquei interessada e emocionou-me como é contada, o narrador ser o irmão.
ResponderEliminarum beijinho e uma boa semana
Gábi
Minha querida Gabrielamiga
EliminarA criação segundo o meu amigo Mário Zambujal é 10% de inspiração e 0% de transpiração... :-)
Muitos bjs e qjs do casal Ferreira
E agora emocionaste-me, porra.
ResponderEliminarTenho uma irmã deficiente profunda e vivo esse drama do futuro dela desde os quatro anos de idade.
Grande abraço para ti, beijos para a Raquel.
Meu caro Coimbramigo
EliminarPalavra que não era essa a minha intenção.
Mas, se vires a resposta que dei à nossa Janitamiga verás como te compreendo e podes estar certo que tens a minha solidariedade.
Triqjs e um abração muito sentido para tu deste teu amigo
Henrique, o Leãozão
Um belo e emocionante texto de que fico à espera da continuação.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Meu caro Franciscamigo
EliminarMuito obrigado pelas tuas palavras. vamos ver se há mais um episósio nesta semana.
Um abração deste teu amigo
Henrique, o Leãozão
Um texto cheio de sensibilidade, meu Amigo. Saber que se tem um irmão com trissomia 21 não deve ter sido nada fácil para ti. Imagino-te, criança ainda a ter de lidar com a responsabilidade de olhar por ele…
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Obrigada pelo carinho das tuas palavras.
Minha querida Gracinhamiga
EliminarMuito obrigado pelas tuas gentis palavras que como sempre me diriges.
No entanto quero dar-te uma informação: o texto é pura ficção, não se passa comigo, o narrador é o irmão do Frederico que é o portador do síndroma de Down. As linhas deste escrito têm de ser manejadas com pinças; veremos se sou capaz de o fazer - e até quando...
Muitos qjs deste teu amigo e admirador
Henrique, o Leãozão
Lidar com uma criança com Síndroma de Down não é particularmente complicado, pois geralmente são carinhosas e comunicativas.
ResponderEliminarProblema bem pior é o autismo ou o Síndroma de Reth.
Boa semana e abraço grande
Minha querida Sãozitamiga
EliminarDiscordo pois penso que ambos são um bico-de-obra.
Muitos qjs deste teu amigo
Henrique, o Leãozão
Texto muito bom. Todos temos que saber lidar com as diferenças. Se fossemos todos iguais seriamos, cereais:))
ResponderEliminarMais a sério, adorei o tema.
Bjos
Minha querida Larissamiga
EliminarPoizé o tema é mesmo muito sério e até eu próprio estou preocupado para saber como levá-lo a bom porto. Mas lá chegarei tenho a certeza.
Muitos qjs deste teu amigo
Henrique, o Leãozão
Caro Henrique
ResponderEliminarApesar de ter tido mais sete irmãos, todos nasceram escorreitos, mas não será fácil encarar a situação focada. Para os progenitores, à partida, é um choque, que também de preparar os outros filhos para encarar. Porém essas situações existem, e como não acaba o mundo por isso, há que encarar com toda a normalidade, no sentido de tudo se apresentar menos pesado para todos, os intervenientes. Foi bom ler a crónica.
Abraços de amizade,
Meu caro Danielamigo
EliminarA vida não para e aos dias seguem-se os dias por isso a única solução é seguir em frente com determinação sem hesitações espúrias que o mesmo é dizer enveredar por ínvios atalhos que não levam a nenhures.
Um abração deste teu amigo
Henrique, o Leãozão
HenriquAmigo.
ResponderEliminarEste primeiro capítulo me fisgou.
Meu casto Confradamigo
ResponderEliminarEspera pelo segundo que creio que também te "fisga"...
Bs e um abração do casal Ferreira
Emocionante, Amigo. Conheci um caso de perto.
ResponderEliminarTambém me aconteceu uma coisa semelhante comigo... só o vi duas vezes,
mas foi amor à primeira vista, no supermercado. Andava acompanhado pelo pai... como o lamentei o senhor!
São muito dóceis e amorosos, mas de libido precoce e totalmente isentos de normas de conduta e censura. Depois dos 14 anos são muito problemáticos.
Gostei muito de te ler, é um assunto muito humano, vai ser interessante.
Nunca mais tive notícias da menina de Goa, vítima de paralisia cerebral.
Grata pelo testemunho com que abrilhantaste o meu 'post'.
Saúde e dias agradáveis e harmoniosos.
Abraços e beijos para ti e Raquel.
~~~~
Minha querida Madrinhamiga
EliminarO tema é muito preocupante, actual, escaldante e constrangedor e tem de ser tratado com pinças se possível mito "habilidosas" e "gentis". É o que tento fazer durante o tempo em que irei continuando a escrever sobre ele.
A sensibilidade dos portadores da doença de Down é impressionante, Para além da jovem da qual contei a estória na resposta à nossa amiga Janita interessei-me tanto com ele que tenho vindo a participar em diversos trabalhos, mesas redondas, colóquios e feito algumas palestras sobre ele.
E até aquando do pré-lançamento do €uro dei umas lições na Associação Portuguesa de Pais e Amigos das Crianças Mongolóides, ... hoje Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, APPACDM
Os Menezes mudaram de casa e a Frederika parece ter ficado bastante afectada. Era a vivenda/mansão centenária de família e passaram para um apartamento. Os pais médicos reformados não têm tantas rupias pois as pensões são baixas, muito baixas
E agora uma novidade menos agradável, mais uma. A Raquel está desde hoje internada no Hospital de Santa Maria com um AVC - fraco embora, que só lhe afectou o equilíbrio, no resto aparentemente tudo bem. Está a ser monitorizada. Não sei quantos dias vai lá ficar - mas o essencial é que fique bem; o resto é ter paciência... coisa que nela não abunda...
Muitos bjs e qjs do casal Ferreira
Boa tarde Amigo,
ResponderEliminarGostei imenso do seu artigo. Muito bem escrito e com a sensibilidade de quem viveu de perto um problema como o Síndrome de Down que não será nada fácil para as famílias e pessoas amigas.
Um beijinho e continuação de boa semana.
Ailime
Minha querida Ailimamiga
EliminarMuito agradeço o teu comentário que é muito compreensivo.
Muitos qjs deste teu amigo em baixo (ver sff resposta à Majo Dutra)
Henrique, o Leãozão
Querido amigo Henrique, te parabenizo por trazer um tema tão delicado e até necessário, esclarecedor. Lembro que há muitos anos, eu adolescente ainda, havia uns vizinhos nossos que tinham vários filhos, sendo um deles portador da síndrome de Down. Lembro, no entanto, que os pais (de ótima posição social) tinham vergonha da criança e a escondiam quando alguém chegava em sua casa. isso acontecia, mas acredito que hoje não mais. Digo-lhe amigo, essas crianças são carinhosas, meigas. Aprendem o que ensinamos. Não aceito que sejam hostilizadas por serem portadoras de Down. Pais ou outras pessoas que tratam esses filhos com diferença, não são pais, são outra coisa qualquer. Acho que como seres inteligentes, temos o esclarecimento e o coração abertos o suficiente para acolher e amar, independente das diferenças.
ResponderEliminarAcompanharei essa sua narrativa.
Beijo, amigo!
Minha querida Taisamiga
EliminarPelos vistos já somos dois. Com o andar dos tempos tem-se vindo a desmistificar essa estúpida noção de vergonha (mas por que bulas???) que era uma prática quase generalizada no antigamente. Hoje felizmente as coisas mudaram, as gentes são diferentes - para melhor mas também para pior) e a integração desses deficientes tem vindo progressivamente a melhorar eu diria exponencialmente. E eles são capazes!.
Mas, estou escrevendo pelas quase cinco da madrugada pois me é difícil conciliar o sono. Basta que leias a resposta que dei cima à nossa amiga Janita para perceberes o motivo da minha angústia. o AVC que a Raquel sofreu ante-ontem e leva a que esteja hospitalizada e eu sozinho em casa - numa casa vazia porque sem ela.
E pronto. Por hoje é tudo. Vou, pelo menos estender-me. Com todas as confusões aguentei-me sem dormir 45 horas. Até amanhã.
Bjs e qjs do casal luso (também) Ferreira
Não sabia da tua Raquel, querido amigo!! Sinto muito, muito. E compreendo tudo que dizes. Como está tua Raquel agora? Podes escrever-me por e-mail. Meus votos para que tudo se arrume e sem sequelas e volte a reinar a felicidade em tua casa. Escreva.
ResponderEliminarBeijo, amigo.
Minha querida Taisamiga
ResponderEliminarPor enquanto tudo está a correr com normalidade mas com muitos exames a ser feitos. Logo que saiba mais alguma coisa digo. E muito obrigado.
Muitos bjs e qjs do casal que quer continuar a ser feliz - e vai ser!
Raquel e Henrique, o Leãozão
Caro Henrique,
ResponderEliminarem primeiro lugar deixo votos de rápida recuperação para a Raquel,
e força para vós os dois que precisam de cuidar um do outro pra que juntos sejam mais fortes :)
deixo também a minha opinião de que a condição dessa criança deve ter criados muitos pontos de interrogação nos membros dessa família, tanto dos pequenos, como dos grandes, que apesar da angústia do futuro para uma criança que precisara do apoio dos pais ao longo da sua vida, os pais pensam será que teremos anos e força para lhe dar o sustento e o amparo de que carece? deve ser uma pergunta que lhes perturba o coração !
mesmo assim parece que houve uma aceitação serena e a transmissão aos mais novos desse ato de responsabilidade e de amor incondicional da parte dos familiares :)
uma lição de vida amigo Henrique que não deve ter sido, nem será fácil nos dias hoje, as pessoas passam a culpar os médicos que não viram, etc.
felizmente não há tanto a tal parte de "vergonha" das diferenças,
um abraço, e que tudo corra bem para a Raquel
Angela
Minha querida Angelamiga
EliminarEstive ontem em Santa Maria e a Raquel pareceu-me bem, tal como acharam o Miguel, o Paulo e o Luis Carlos mais as suas consortes, além do Rodrigo e da Madalena. Claro que está chateada e desejosa de voltar para a nossa casa bem como preocupada por eu estar sozinho. Mas tudo se resolverá com paciência, calma e sossego.
A análise que fases do drama que é vivido pelos pais de uma família que tem filhos mongolóides ou outros, por exemplo, autistas está correctíssima. Só com uma grande força e com um ânimo constante podem vencer a adversidade que lhes caiu em sorte.
Conheço, além do exemplo que acima dei, outras famílias que têm ou tiveram tal desdita e que se foram "desenrascando" em tão difícil tarefa. Mas tenho a impressão que o amor é a quinta essência para sobreviver a tão dura provação.
Nos dias de hoje as coisas vão estando melhor, as pessoas agarram-se à réstia de felicidade para elas todas incluindo obviamente os deficientes e só assim esperamos que o Mundo ainda pode ser melhor. Esperança...
Muitos qjs deste teu amigo e admirador
Henrique, o Leãozão
OLÁ HENRIQUE
ResponderEliminarLI AQUI:
Não consigo pôr-me na pele de quem tem de lidar pessoal e directamente com portadores desta deficiencia genética.
Pois, o que dizer?
Digo que...eu lidei pessoal e directamente com portadores desta deficiencia genética, e... posso dizê-lo fiquei mais rica com essa experiência.
Quando trabalhei numa Creche e Jardim de Infância,
na minha sala recebemos 3 crianças diferentes.
Duas com esta deficiência
e uma outra com paralisia e que andava numa cadeira de rodas
Fizeram isso mesmo para as outras 20 crianças
começarem a lidar com a DIFERENÇA
e as 3 crianças foram muito bem aceites por todos.
Sem ter qualquer tipo de FORMAÇÃO NA ÁREA
tudo correu lindamente
porque só temos que agir o mais normalmente possível
e DAR TODO O NOSSO AMOR
O FÁBIO
A RITA ambos com síndrome de Down.
Não podem imaginar a minha alegria
quando a semana passada voltei a ver e falar com o Fábio,
está com 30 anos e muito inteligente, responsável.
Fui abençoada.
um abraço, da Tulipa
Minha querida Tulipamiga
EliminarSê bem vinda, pois penso que é o primeiro comentário que aqui depositas e mesmo sem abrir conta...:-) Quero que venhas mais vezes, tá?
Ora bem vens com um SENHOR COMENTÁRIO que muito te agradeço. Bem pensado, melhor expresso, melhor ainda articulado. Resultado - CINCO ESTRELAS!
O relato da tua experiência é uma excelente contribuição para este tema que é tão melindroso, sensível e forte que tem de ser tratado como atrás disse com pinças manejadas com o maior cuidado.
E como também tenho lidado com muitos deficientes em especial portadores da síndroma de Down conformo o que dizes: também não tenho qualquer tipo de formação na área mas sempre me consegui entender com eles.
Até com cegos e amblíopes isso aconteceu. Durante a campanha de divulgação do €uro fiz três sessões de esclarecimento onde através do sistema táctil os ensinei a reconhecer as moedas e as notas (em fa simile). Até tenho fotos.
Cito ainda o que já antes escrevi: o Amor é conditio sine qua non para compreender, acompanhar e ajudar todos aqueles que precisam de nós; porque nós também precisamos deles: da sua força de vontade, da sua determinação, do seu empenhamento que nos ensinam a seguir em rente e a cumprir melhor os objectivos que nos propusemos atingir.
Muito obrigado querida amiga
Muitos qjs deste teu amigo e entusiasmado com o teu comentário
Henrique, o Leãozão
______
Segue o "folhetim"...
Amigo Henrique aqui no bairro em que moramos conhecemos um jovem que sofre a síndrome de Down e com ele cruzamos com frequência acompanhado de seu pai, que o acompanha com a mão sobre seu ombro demonstrando grande afeto pelo filho. Sempre que os vejo sinto que ambos mesmo sem querer estão ensinando as pessoas que o amor vence todas as barreiras.
ResponderEliminarComo tenho muita simpatia por essas pessoas, ditas especiais, acompanharei o desdobrar dessa tua história nas postagens que se seguem.
Espero, Henrique, que a tua esposa, já esteja bem melhor. Taís e eu torceremos pela sua saúde.
Grande abraço
Pedro