O estranho caso
do colchão de praia
T
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Antunes Ferreira
razia um
cavalete de pintor conveniente e cuidadosamente dobrado debaixo de um braço
cuja mão segurava um banco de lona e pernas metálicas igualmente fechado e na
outra mão uma tela enrolada e segura por elásticos que a agarravam. Na mochila,
pelo volume que faziam era de certeza uma caixa de tintas e duas ou três
paletas bem como espátulas de diversos tamanhos e uma
parafernália de lápis de muitos números de grafite preta e outros de cores,
canetas de ponta de feltro diversas, esferográficas, apara-lápis, por certo
algumas borrachas e claro que também um canivete do exército suíço
E
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u estava a
picnicar com a Clarissa – a minha namorada – tínhamos estendido no chão uma
toalha onde carreiros de formigas tentavam comer umas sandes de presunto com
manteiga, uns pastéis de Belém, mais um tigela de salada com muito pepino e
pimentos grelhados (há que dizer que os perfeitamente nus fazem-me mal ao
fígado). Obviamente duas garrafas de rosé, gelo, uns refrigerantes e umas
garrafas de Pedras para rebater.
D
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e estranho
só se vislumbrava um colchão de praia azul escuro em que a minha querida estava
sentada cruzando as pernas mais apetitosas do que as sandochas. Para quê um
artefacto próprio para um homem se aventurar nas salsas ondas sem saber nadar
naquele local campestre? Pergunta justificada pois a Clarissa e eu estávamos sentados
e descontraídos no colchão debaixo dum pinheiro bravo cujas agulhas picavam como acontece habitualmente
com as agulhas de… coser. Daí que o colchão servia a dada altura do repasto não
para dormir a sesta – ainda que modelo casal – mas para praticar ginástica supostamente procriadora ao ar livre.
E descontraídos... |
O
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homem era mesmo um pintor, armou o cavalete
botou-lhe a tela, desenroscou o banco, sentou-se de paleta na mão direita,
então o tipo era canhoto, pois fazia tudo (que se visse) com a mão esquerda. E
começou a desenhar a carvão um esboço de um casal em vias de facto. Muito
devagar. Presumi que estava à espera que lhe surgisse um qualquer modelo, no
caso dois porque o estado de criação não avançava ou se avançasse seria a passo
de caracol.
N
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ão me
contive, cheguei-me a ele, boa tarde, ó senhor pintor vai ter esperar muito
porque nós viemos picnicar e somos como são os alentejanos que no fim dum dia
de trabalho tiram as mãos dos bolsos… Então para que é o colchão? É só para
fazer publicidade aos colchões de praia Hámar . Mas não tem nada escrito… Pois
não é uma campanha para cegos.
O
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pintor desfez o que tinha feito e zarpou se
sequer se despedir. Saíra-lhe a dar para o torto a ideia e intenção de
pincelar. Debaixo dos pés mesmo de um artista na pintura se levantam os
trabalhos. E a Clarissa e eu deixámos as formigas no campo de batalha e fomos fazer
o programado ou seja batalhar no colchão. De praia – no campo
Henriquamigo, já deve ter pensado que me esqueci de si, mas o facto de estar agora aqui prova o contrário rss
ResponderEliminarQue boa ideia levar um colchão de praia para o campo :)
Foi pena o Antunes Ferreira ter espantado o artista, decerto daria uma boa tela :)
Beijinhos para si e para a amiga Raquel
Fernandinhamiga
EliminarTinha a certeza absoluta de que não te esquecias de mim... Mas é muito bom ter um teu comentário.
Quanto ao colchão de praia no campo, o pintor talvez quisesse experimentar mas levou uma ganda tampa de guache...
Bjs da Raquel e qjs para tu (não gosto de ti, oops do ti
Boa sortida esta do Leaozão. O tempo vai intermitente mas como se vê o cronista aproveita bem as oportunidades.
ResponderEliminarVim espreitar deste lado e dou-me com um problema gravíssimo para o qual a Nação aguarda o patrocínio superior de sua excelência o Senhor Presidente: o AO.
O cronista não esclarece que a aparente desistência do pintor foi provocada pela acentuação.
Derivado aos carreirinhos pretos das formigas o casalinho não se assentou, muito menos se deitou, pôs-se de pé. Ora, como poderia o pintor prever aquela contrariedade das formigas? Trouxera do atelier uma téla, apropriada para formatos horizontais, e, para aquela circunstância, necessitaria de uma tela onde os dois coubessem de pé.
Como se vê o dilema do pintor presume-se facilmente na téla ou tela. Não foi problema de entretela, foi tê-la.
Abração, Leãozão.
PS: PRÓ ANO HAVERÁ VERDE!
Agostinhamigo
ResponderEliminarPara um reles pintor não é preciso autorização presidencial, muito menos usar uma tela foleira. Qualquer lhe serve; não queira ser confundido com o Leonardo dá vinte (daria? Dizem que era panilas...) ou com o Pic-aço. Longe d-iço. No que concerne às posições é bom que se diga que qualquer delas pode ser melhor para o Jaquim ou para o Zéjoão.
Quem se regalou foram as formigas pretas, no caso das brancas nem o pintor se safava. Lá dizia o José (Zeca para os amigos) Afonso, elas comem tudo e não dizem nada; pudera são representantes do insecto formicida que talvez seja o animal mais antigo da Terra e sendo trabalhadoras não falam, não protestam e last but not the least não fazem greves.
Enfim resumindo (???) a questão: não foi o mexilhão quem se fo… oops, lixou, foi o pintor. Só mais uma anotação: não me parece ser o tipo que ouviu a namorada a pedir-lhe de joelhos pinta-me os cabelos e gajo pegou em pincel e tinta e… ver declaração do Senhor Dr. Catroga.
Dito isto vou-me embora pela fresquinha sonhando que para o ano será tudo VERDE!!!!!!!!
Abç do Leãozão e viva o Sporting!!! (que para o caso é o de Braga)
Amigo Henrique
ResponderEliminarMais um caso de perseguição!
Então esse artista não era capaz de pintar sem modelos?!
Um a história interessante!
Um abraço
Beatriz