Paciência a quanto obriga
*Farto de ouvir confissões
avulsas
Antunes Ferreira
Mal sabia ele quando andava no seminário o que o esperava na
vida quotidiana numa paróquia duma aldeia perdida em terreola onde Judas perdeu
as botas. Porque essa estória do suicídio do apóstolo traidor pelas trinta
moedas era muito duvidosa. Primeiro que tudo que moedas aliciadoras seriam? E o
silêncio sobre o autor (ou os atores da cena) da corrupção judaica não eram
cuidadosamente identificados. Marosca.
Porém, o que mais lhe punha a farta cabeleira (muito
encomiada pelas fiéis, sobretudo pelas mais jovens e apetitosas – de acordo com
Mateus, 26.41 “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito,
na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” – era a falta de
paciência que lhe chegava quando ia para confessionário.
E, chiça, que Deus lhe perdoasse,
o múnus sacerdotal era o dever, função e obrigação que cabia ao
indivíduo que se dedicasse ao sacerdócio. A Igreja Católica, por exemplo, sabia-o
bem, tem como base a chamada tríplice múnus, formada
pelo sacerdotal, pelo profético e pelo pastoral. Nem
precisava reflectir ou rememorar, a Igreja Católica, também conhecida
como Igreja Católica Apostólica Romana é uma igreja fundada de acordo
com os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e que tem
o apóstolo Pedro como figura de destaque, pois foi através dele que ela
começou a ser edificada, citando Mateus 16:18.
É una, santa, católica
(universal) e apostólica e como sacramento único de salvação, por vontade de
Cristo, tem como característica a indefectibilidade (subsistirá até o fim do
mundo) e a infalibilidade. Ela considera-se a única Igreja de Cristo e por isso
se chama católica. É constituída por igrejas particulares ou dioceses, sendo
cada uma destas, confiada a um bispo em comunhão com o sucessor de Pedro isto é
o Papa ou vigário de Cristo na terra. Encontram-se em comunhão com a Igreja Católica
os batizados que estão unidos com Cristo no Seu Corpo visível pelos vínculos da
fé, dos sacramentos e da disciplina eclesiástica.
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A Igreja Católica,
devido aos ritos litúrgicos e à disciplina eclesiástica, é dividida em Igreja
latina e Igreja oriental. A fundação desta última deve-se em exclusivo à recusa
em submeter-se ao Papa e à disciplina eclesiástica, nomeadamente quanto ao
celibato do clero. A sua projeção na vida nacional é diminuta.
A sua congénere Católica
Apostólica Carismática apresenta várias diferenças em comparação com a Igreja
Católica Apostólica Romana. A Igreja Carismática não tem os sete sacramentos
que a Apostólica Romana e o Papa não é o líder supremo da Igreja. No caso da
Igreja Carismática, a confissão não é um sacramento.
Os bispos, padres
e diáconos da Igreja carismática podem casar, ao contrário do que acontece na
Igreja Católica, devido ao celibato. Segundo a Igreja Carismática, o purgatório
não existe, e por esse motivo os mortos não precisam de oração. Outra diferença
entre as duas igrejas é que na Igreja carismática, os métodos contraceptivos
são permitidos.
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Em tudo isto – que, de resto sabia
perfeitamente, ainda que se mantivessem as dúvidas que constantemente o
apoquentavam – o moço cura Diógenes da Costa Carvalho congeminava impaciente.
Se algum pecado lhe reconhecia era a falta de paciência além de outros, claro.
Mas, vendo bem, o que era um paciente? Alguém que não perde a calma? Ou que possui
uma qualidade de quem suporta algo sem reclamar, uma resignação. Ou ainda será
virtude que faz alguém suportar algo sem perder a calma, aguentar com
tranquilidade uma eventualidade, tristeza ou uma acção maldosa.
Elucubrações levaram-no a consultar
a Wikipédia a que se tinha habituado ainda no seminário. Foi para o portátil
(um Lap Top ASUS oferta do mentor monsenhor Bastos Aranha no dia da sua
consagração) e carregando no Google Chrome na palavra paciência encontrou:
«Faculdade de não desistir facilmente de; perseverança,
constância.[Ludologia] Nome de certo jogo de cartas..
[Botânica] Erva
proveniente da América do Norte, com flores verdes e folhas comestíveis,
pertence à família das poligonáceas Rumex patientia. expressão. Perder a
paciência. Deixar de suportar, de esperar, de aguentar algo sem reclamar: estou
perdendo a paciência com essa demora! Revestir-se de paciência. Esperar com
calma .Etimologia (origem da palavra paciência).
A palavra paciência deriva do latim "patientia,ae", capacidade de não
desistir, de aguentar.
Paciência é sinônimo de pachorra, resignação, calma, tranquilidade, equilíbrio,
serenidade, mansidão, impassibilidade, pacacidade, sensatez. Paciência é o
contrário de: impaciência, inquietação, freima, nervosismo, irritação,
agastamento, implacidez, sofreguidão, pressa.
Deus criou a
mulher de uma costela, de um osso torto. Se procurares endireitá-la, quebrará.
Tenham pois paciência com as mulheres.
- Maomé
Não é fácil ter
paciência diante dos que têm excesso de paciência.
- Carlos Drummond de Andrade
De acordo com a mitologia persa, "syngué sabour", ou pedra-da-paciência, é
uma pedra mágica que guarda segredos e angústias, e que liberta a pessoa dos
seus sofrimentos no dia em que explode. Em um paralelo, o marido torna-se a
pedra-da-paciência da mulher.
Diogo, um coadjutor meia leca assumido e impaciente por natureza, dirigiu-se à
sacristia onde se encontrava o padre Pedro Ivo Neves, prior da freguesia. Sem
mais aquelas despiu a batina sob o olhar estarrecido do seu superior. “Estou
farto! Não tenho paciência; nunca tive. Vou pôr-me ao fresco. Estávamos em Agosto
– um Santo Natal e um Feliz Ano Novo!
Boa! Bom fim de semana!
ResponderEliminarAkuñadamigo
EliminarObrigado. Isto continua mal. A Alice Nobre alterou a medicação mas não resultou. Vou dar mais uns dias e volto a telefonar-lhe (como ela nos dissera à Raquel e a mim) para lhe dar conta do que se está a passar. Uma grande porra!
Abreijos para todos os Palhaus & adejências
Henrique
FerreirAmigo
ResponderEliminarOs padres meus amigos ficam sempre danados comigo quando afirmo que o celibato, o entregar-se a Deus, é uma treta.
Lê a Bíblia.
Onde é que vem essa regra, essa obrigatoriedade???
Pelo contrário- crescei e multiplicai-vos.
Toma lá um abraço
Pedramigo
EliminarEstamos no mesmo cumprimento de onda exepto no que toca à Bíblia.
Parece que o desgraçado celibato foi obra dum concílio cujo nome não me recordo.
Abraço
擁抱
恩里克
Por acaso sou paciente 🙏😃😘
ResponderEliminarGracinhamiga
EliminarEu não...
Beijos & queijos
Henque
Não sou paciente, sou agnóstico (mas não sou ateu...).
ResponderEliminarPor isso, quando leio coisas acerca de religiões, faço-o com o distanciamento que me permite ver as coisas desapaixonadamente. E gosto de o fazer.
O celibato obrigatório dos padres na Religião Católica, por exemplo, vejo-o como uma aberração. Nunca o percebi. Tal como o das freiras. Mas muitos padres deram a volta ao texto. O da minha freguesia, quando fazem referência à mulher que vive com ele, dizem "falei com a sua secretária", ao que ele prontamente responde "Secretária? Não, ele é a minha companheira". Se fosse há uns 30 anos o padre seria expulso da paróquia, mas hoje ninguém fica chocado.
Por isso, se não for com este Papa, no próximo os padres já poderão casar.
Grande crónica, gostei de ler, como sempre.
Boa semana.
Um abraço.
Jaimamigo
EliminarSó posso dizer que estou de acordo contigo.
Abração
Henrique
Ai os padres! Lol.
ResponderEliminarGostei de ler!
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Permito-me vaguear sem restrição
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Beijo, e uma excelente semana.
Cidáliamiga
EliminarMuito bem, pois este perfeitamente na mesma onda!
Beijos & queijos
Henrique
Ferreira, li a tua crónica do principio ao fin passando,claro,pelo meio e a questão continua a matracar-me o espirito: Finalmente a falta de paciência é uma virtude ou un pecado? Please, help me!
ResponderEliminarFernandamigo
EliminarÉ élpes!
Como sabes fui católico mas curei-me... Quanto à paciência só duas palavras: sou impaciente!
Abraços & queijos para todo os Dapôs e adjacentes
Henrique