Indira Gandhi em pessoa
*Uma entrevista em exclusivo e especial
Antunes Ferreira
A entrevista que fiz a
Indira Gandhi teve dois momentos especiais e para mim realmente significativos.
Ao longo de quase uma hora e a bordo de um avião abordámos muitos aspectos da
vida da chefe do Governo da Índia e, naturalmente do próprio país que era
considerado a maior democracia do Mundo. Toda a conversa foi muito interessante
e a política respondeu a todas as perguntas que lhe coloquei – o que, dada a
minha larga experiência nesse campo foi realmente impressionante.
E
porquê o avião? Pois muito simplesmente a data marcada para a
conversa sofrera um percalço: fora a própria Indira que me telefonara para a
embaixada portuguesa para me dizer que tinha de cancelar a entrevista pois ia
deslocar-se a Allahabad a cidade natal da família
Nerhu onde ia assistir ao funeral dum primo muito chegado.
Ora eu tinha vindo de Lisboa com tudo programado para a entrevista
e por isso sugeri-lhe que a poderia acompanhar no avião em que ela se
deslocaria e nele fazer a entrevista. Um tanto reticente ao inicio ela acabou
por aceitar a proposta, mas o problema é que tinha uma agenda preenchidíssima e por
isso fez-me uma contraproposta. Eu poderia dar uma volta pela gigantesca índia a fim de colher impressões que poderia
utilizar na entrevista.
Aceitei depois de lhe ter dito que ia obter o aval do “Diário de
Notícias” a quem ia apresentar a sugestão, que face ao interesse da entrevista
e o seu exclusivo para Portugal, me deu carta branca para o empreendimento.
Sendo assim fui posto em contacto com a Directora Geral do Turismo que me
atribuiu um intérprete, um goês radicado na Índia, o senhor Francisco (Francis)
Xavier de Menezes que falava perfeitamente português e que acompanharia no
périplo.
Fomos a diversos
Estados dos quais destaco o Bihar onde visitei
Bodh
Gaya ou Bodhgaya que é uma cidade do distrito de Gaya. Está localizada a 96 quilômetros da capital do
estado, Patna. Historicamente, era conhecida como Bodhimanda. O
principal mosteiroo de Bodhgaya era chamado Bodhimanda-vihara. É o local
mais sagrado do budismo, pois teria sido o local onde o
fundador da religião, Sidarta Gautama, teria criado a doutrina, por volta do século V a.C. A
localidade tem muitos templos erigidos por diversos países onde o budismo é
praticado com maior ou menor importância.
É nela que
existe a chamada árvore da
vida sob a qual Gautama terá meditado durante 59 dias e 59 noites findos os
quais saiu a divulgar a nova religião. A árvores que me garantiram ser a
“descendente da original é decorada com muitos fios de diversas cores e é
chamada a Árvore da Vida. É considerada sagrada e as suas folhas são oferecidas
a visitantes ilustres. Dada a minha qualidade de futuro entrevistador de
primeira-ministra tive direito a receber uma…
També passei
pelo estado de Orisssa tendo
ficado dois dias na capital Bhubaneswar onde visitei um templo
decorado com as paredes decoradas em altos relevos de cenas de amor sexual explícitas
e assistir a um espectáculo de danças; as mulheres de Orissa são consideradas
as mais belas da Índia. Seguimos depois Calcutá onde fiquei apenas uma noite e
pouco vida cidade que muito gostaria de ver os bairros de lata onde a Madre
Teresa exercia a sua missão.
Mas o tempo era curto
e por isso fomos de avião até Caxemira onde tive a oportunidade de ficar numa
houseboat no lago Lago Dal e fazer uma viagem de ordem militar a Gulmarg no
sopé do Himalaia. De resto Srinagar, a capital de Caxemira era praticamente um quartel
tantas eram as unidades do exército indiano ali estacionadas. Do outro lado da
fronteira fortemente guardada o poder das armas paquistanesas era aparentemente
igual. Mas em verdade tenho de dizer que ali não me foi permitido deslocar.
Finalmente de volta a
Nova Deli tomei enfim o avião onde iria entrevistar Indira Gandhi. A aeronave
era dividida em duas partes: na frente iam as pessoas que integravam a comitiva
da primeira-ministra e a segunda, atrás encontrava-se Indira o Seu filho Rajiv
e a mulher deste Sónia.
Fiquei sentado ao lado
dum sique, o chefe da segurança da primeira-ministra e logo ali o meu espanto:
ele provava a comida e a bebida antes de ambas serem levadas para Indira e os
seus acompanhantes lá atrás comer. Mal sabia eu, para além da admiração inicial
que tempos depois seria ele que dispararia os primeiros tiros que matariam
Indira. Foi este o primeiro momento que achei realmente especial.
Quando me indicaram que
me deslocaria à zona onde Indira se encontrava ia um tanto de pé atrás. Era
conhecida a má relação que tinha com a comunicação social. Mas tudo se
modificou com a conversa que tivemos de cerca de uma hora. Logo de começo ela
disse-me que sabia que eu era mais fluente em francês e nessa língua decorreria
a entrevista.
Abordei os temas mais
diversos a que ela respondeu com toda a franqueza. Só houve um momento mais
difícil quando abordei a morte do seu filho primogénito Sanjey num desastre de
planador. Como visse que o assunto a incomodava mudei rapidamente o rumo das
perguntas. Finda a entrevista ela apresentou-me o filho e a nora. Rajiv ficou
muito interessado ao saber que a minha mulher era goesa e trabalha na companhia
aérea portuguesa.
Disse-me que na
verdade era um piloto de avião e só a morte do irmão o atirara para a política.
E de tal firma se estabeleceu uma corrente de empatia que me convidou a jantar
com ele e a sua mulher nessa noite pois no dia seguinte eu regressaria a Portugal,
o que aceitei naturalmente.
Regressado ao meu lugar
momentos depois foram-me dizer que a primeira-ministra ainda me quera falar.
Tratava-se de uma sugestão. Por certo que não estaria interessado em assistir a
um funeral. Por isso propunha-me que durante durassem as exéquias poderia
visitar as casas daa família Nerhu Anand Bhavan Para tal o seu secretário pessoal Vijay Sicrit
aguardar-me-ia à saída do avião com uma viatura,
Foi aí que aconteceu o
segundo momento extraordinário. À chegada da chefe do Governo estava formada na
pista uma força militar á qual ela passou revista acompanhada pelo comandante
da mesma. Depois retirou-se. Eu fora o último a desembarcar e aguardava a chegada
da viatura que me havia de levar. A força militar, provavelmente um batalhão
fizera direita volver e o comandante ao ver-me no meu fato europeu e de pasta
mão deve ter pensado que eu era um convidado muito especial. E marcialmente deu
a ordem de olhar à direita enquanto me fazia a continência. Meio envergonhado
fiz um gesto com a mão em jeito de resposta. Entretanto chegar o carro com o
senhor Sicrit. E lá fomos conhecer as casas seculares da família Nehru.
Como no avião não tinha
havido fotógrafo foi na casa oficial do Governo que após um largo tempo de
espera e alguma irritação da senhora lá apareceu um jovem muito assustado poi
nunca estiver tão perto da primeira-ministra. Enfim lá se fizeram as fotos que
nessa noite, durante o jantar com Rajiv e Sónia me foram entregues. Foi a
última ocasião duma entrevista muito especial exclusiva pois no dia seguinte
regressei a Portugal e ao “Diário de Notícias” onde naturalmente tive honras de
primeira página.
Uma excelente reportagem.
ResponderEliminarBom Domingo...
Beijos e abraços
Marta
Querida Martamiga
EliminarMuito obrigado leas tuas gentis palabras. Eu vou tentando seguir em frente com algum dificuldade.
Beijos & queijos
Henrique
FerreirAmigo,
ResponderEliminarSempre que estiveres mais deprimido lembra-te da vida rica, cheia, que tens tido.
Isso é que é mesmo importante.
Há quem passe pela vida sem nunca a viver.
Vão sobrevivendo.
Que castigo!
Abração, boa semana
Caríssimo Pedramigo
EliminarConcordo con« o que me dizes e faço por expressar o tenho vivido - e realmente não é pouco. Mas o momento ques estou a arrevessar não é fácil. Entretanto vou escrevendo como válvula de escape com muita dificuldade mas é vida...
擁抱 Abração
恩里克 Henrique
Ferreira, muito interessante a sequência dos acontecimentos e a forma como tu os relatas, que te permitiram entrevistar Indira Gandhi, uma das primeiras Mulheres a ser eleita democraticamente como chefe de um governo... Gostaria de ter tido mais pormenores sobre o conteudo da entrevista nomeadamente sobre a visao como, naquela altura, Indira Gandhi projectava o futuro da India como potência mundial.
ResponderEliminarGrande abraço e obrigado por partilhares essas boas recordaçoes com a malta.
FLBandeira
Caríssimo Fernando
EliminarA entrevista foi muito longa e não tenho espaço para reproduzir aqui. Os temas abordados foram da mais diversa ordem, desde a politica interna desse imenso país que é a índia até à cena internacional focando em especial as difíceis relações com o Paquistão e a China.
O papel da India no grupo dos "Não Alinhados" que já tinha uma expression de relevo no xadrez mundial também veio à baila, pois ela recebera de herança o papel importantíssimo d seu pai Jawaharlal Nehru um dos fundadores quiçá o principal desse grupo.
Abração extensico a todos os "Drapôs"
Apesar dos teus problemas de saúde , a tua vida foi rica , com momentos muito altos ... e isso ninguém te tira!
ResponderEliminarMuito interessante o teu relato.
Caloroso abraço .
Querida Sãozitamiga
EliminarOs problemas de saúde são muito preocupantes! Sobretudo porque a bipolar aparece nos pontos baixos quando menos espero e de deixa desmoralizado. Mas, como dizes tive uma vida rica - o que muitos não podem dizer - e por isso só há uma maneira de reagir: é tentar seguir em frente. E amanhã vamos ver o que vai fazer o nosso Sporting...
Beijos & queijos
Henrique
Vim desejar que fiques bem e voltes logo à normalidade! Tudo de bom,abração, chica
ResponderEliminarQuerida Chiquitamiga
EliminarAs cisas não são infelizmente assim tão simples. Tento seguir em frente, mas é complicado. De qualquer jeito, muito obrigado.
Beijos & queijos
Henrique
Parece ter sido mesmo uma viagem e uma entrevistas incríveis. Gostei muito de ler. um beijinho e as melhoras
ResponderEliminarQuerida Gabiamiga
EliminarRecordar é viver e num momento muito complicado que atravesso faz-me bem ler o que me dizes. Muito obrigado.
Beijos & queijos
Henrique
Olá, amigo Ferreira, excelente postagem, mas o que quero é desejar-te saúde
ResponderEliminarpara que dês continuidade às coisas que gostas, uma delas é escrever e nos contar as coisas interessantíssimas (como essa) de tua vida.
Tudo vai melhorar, amigo, é o que desejo.
Muito contente com sua visita no Porto das Crônicas.
Beijo, paz e muita saúde!
Querida Taisamiga
EliminarAs coisas são o que são e não há maneira de lhes dar volta. Na verdade, quando escrevo sobre o que vivi tento fazer passar o melhor possível o que aconteceu. E foi o caso deste encontro/entrevista que se enquadrou nos muitos que fiz.
Quanto à saúde, estou a tentar sobreviver o melhor que posso - mas confesso que é muito complicado.
Beijos & queijos
Henrique
Qué vida tan intensa.
ResponderEliminarEnvidiable.
Espero que su salud mejore.
Saludos.
Mi querido Toramigo
EliminarMuchas gracias por tus palabras. Intento de seguir adelante con mucha dificuldad.
Abrazo
Henrique
Olá, amigo Ferreira, depois de alguns anos de
ResponderEliminartua ausência na blogosfera, voltaste a publicar
aqui na Travessa, para nossa alegria.
Mas, infelizmente estás novamente com a Bipolaridade,
que espero logo consigas livrar-te dela.
Meus votos de pronta recuperação para alegria nossa e da tua família.
Votos de uma ótima semana, com saúde e paz.
Grande abraço.
Caríssimo Pedramigo
EliminarRealmente a publicação é como já escrevi uma espécie de terapêutica ocupacional. Oxalá consiga manter a intenção mesmo que sem a regularidade habitual.
A saúde é o melhor bem que possuímos e só nos damos conta disso quando a perdemos. É deficit mas vou tentar não deixar cair os braços.
Abração
Henrique
Momentos inesquecíveis na vida de um jornalista...
ResponderEliminarNão sabia que tinha feito essa entrevista e muito menos da forma que foi feita.
Gostei de ler.
Espero que esteja melhor de saúde.
Continuação de boa semana, caríssimo Henrique.
Um abraço.
Esta foi uma entre muitas pois dizem que fui o jornalista que mais personalidades estrangeiras entrevistou.
EliminarQuanto à saúde já disse tanto que não vale a pena repetir-me.
Abração
Henrique
Um excelente trabalho. Bons tempos...
ResponderEliminarAbraço
SOL da Esteva
Caro Solamigo
EliminarMuito obrigado. Recordar é viver e tenho muito para recordar porrque vivi muito.
A saúde continua em baixo infelizmente
Abração
Henrique
Voltam as memórias de uma entrevista que fica para recordar pois nem todos terão tido a mesma oportunidade, amigo Ferreira
ResponderEliminarOxalá já estejas melhor
Um beijo!
Merida Manuelamiga
EliminarÉ bem verdade o que me dizes. Fui realmente um privilegiado por ter conhecido e contactado tanta gente dita importante; mas também a procurei. Não se obtêm resultados sem se trabalhar para isso.
Beijos & queijos
Henrique
gostei muito do tema e do post
ResponderEliminarinspirou-me para ir explorar textos sobre a vida dessa senhor famosa
Indira Gandhi
um abraço
Querida Ângelamiga
ResponderEliminarA Resposta à Manuela Barroso é perfeitamente válida para ti. De qualquer maneira agradeço a tua visita e teu comentário. A saúde infelizmente é que não vai nada bem.
Beijos & queijos
Henrique
,
Indira Gandhi fue la presidenta de un gran país, la India. Tuvo que enfrentar problemas de todo tipo y lo hizo lo mejor que supo hacerlo. La India es un país inmenso, prácticamente un continente entero. La religión de la India es especial, pues procede de la época más antigua de la humanidad. Si te interesa saber un poco más lee https://tantrarktarot.blogspot.com Tendrás así una nueva perspectiva de la vida. Una perspectiva desde el sabor y saber vivir hindú.
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