Uma loira
e duas morenas
no deserto
e duas morenas
no deserto
As loiras sempre foram motivo para anedotas; mas elas tal como os alentejanos são sempre citados pela burrice ou por ridículas situações que protagonizam mas sem culpa nenhuma. Os gentios é que os usam (os alentejanos e as loiras) para os outros fazerem chicana. Há estórias de loiras por tudo o que sítio. Sendo que não sou adepto de tais anedotas, vou contar um episódio brincalhão sem querer ofendê-las; longe de mim essa intenção.
As loiras ficaram para a História. Muitos os
autores que as referiram cantaram-nas de todas as formas. Com trabalho árduo
foram limpando maledicência que muitos haviam dito delas e lagartos quanto à
alegada burrice e situações ridículas, como atrás o autor escreveu; mas, pelos
vistos, a ironia prevaleceu. Continuaram a viver a sua via dolorosa tal como
Cristo percorreu até chegar ao Gólgota. Pobres loiras!
Camões escreveu nos Lusíadas,
mais precisamente no canto IX, a fábula da Ilha dos Amores, onde os navegautas
encontraram as ninfas e começaram a jogar o jogo dos amores com elas; o Poeta
fez o verso que se segue, naturalmente apenas um traço para não chatear as
nossas leitoras e os nossos leitores. Diz Luís Vaz de Camões
Duma
[das ninfas] os cabelos de ouro o vento leva
Correndo, e de outras as fraldas delicadas.
Acende-se o desejo, que se cava
Nas alvas carnes, súbito mostradas
Correndo, e de outras as fraldas delicadas.
Acende-se o desejo, que se cava
Nas alvas carnes, súbito mostradas
Camões também conta no seu poema épico uma das mais belas estórias
de amor, drama e desgraça, ou seja a de Dom Pedro e Dona Inês de Castro. Apesar
de ter casado com Dona Constança Manuel, Pedro, encontrando a loira Inês de
Castro, uma das aias da princesa casadoira, apaixonou-se loucamente por ela.
Mas a estória teve um final funesto. Irritado com o procedimento do Infante o
seu pai, D. Afonso IV resolveu dar cabo de Inês, e os nobres Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco foram à Quinta das Lágrimas em Coimbra e
apunhalaram Inês sem dó nem piedade e até na presença dos filhos que tivera de
Pedro. O final é ainda pior se é possível.
Pedro tomado dum furor louco mandou executar os fidalgos assassinos arrancando-lhes
os corações, os pulmões e os fígados pelo arcaboiço. Pedro que casara
secretamente com Inês iria coroá-lo depois de morta, e estando ela já
amortalhada obrigara os cortesãos a beijar-lhe o anel de Rainha e declarou o
casamento oficial. Luís Vaz de Camões também
cantou nos seus Lusíadas o drama horrível:
Inês e Dom Pedro |
Estavas,
linda Inês, posta em sossego,
De
teus anos colhendo doce fruito,
Naquele
engano de alma, ledo e cego,
Que
fortuna não deixa durar muito.
Nos
saudosos campos do Mondego,
De
teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos
montes ensinando e às ervinhas
O
nome que no peito escrito tinhas
Do
teu príncipe ali te respondiam
As lembranças
que na alma lhe moravam,
Que sempre
ante seus olhos te traziam,
Quando
dos teus fermosos se apartavam;
De
noite, em doces sonhos que menriam,
De
dia, enfim, cuidava e quanto via
Eram
tudo memórias de alegria
Assi
como a bonina, que cortada
Antes
do tempo foi, cândida e bela,
Sendo
das mãos lactivas maltratada
Da
menina que a trouxe na capela
O
cheiro traz perdido e a cor murchada;
Tal
está, morta, a pálida donzela,
Secas
do rosto as rosas e perdida
A
branca e viva cor, co a doce vida
Lady Godiva |
Diz a lenda
que a bela e loira Lady Godiva ficou sensibilizada com a situação do povo de Coventry, que sofria com os altos impostos estabelecidos por seu marido. Lady Godiva ter-lhe-á apelado tanto que ele acordou conceder com uma condição: que ela cavalgasse nua pelas ruas de Coventry. Ela aceitou a proposta e Leofrico mandou que todos os moradores da cidade se fechassem em suas casas até que ela passasse. Diz a lenda que somente uma pessoa (Peeping Tom) que por uma frincha da sua janela ousou olhá-la, e ficou cego por consequência. No final da história, Leofrico retira os impostos mais altos assim mantendo sua palavra.
que a bela e loira Lady Godiva ficou sensibilizada com a situação do povo de Coventry, que sofria com os altos impostos estabelecidos por seu marido. Lady Godiva ter-lhe-á apelado tanto que ele acordou conceder com uma condição: que ela cavalgasse nua pelas ruas de Coventry. Ela aceitou a proposta e Leofrico mandou que todos os moradores da cidade se fechassem em suas casas até que ela passasse. Diz a lenda que somente uma pessoa (Peeping Tom) que por uma frincha da sua janela ousou olhá-la, e ficou cego por consequência. No final da história, Leofrico retira os impostos mais altos assim mantendo sua palavra.
1.
Agora vá-se à anedota com
piada, ainda que ironiza as loiras.
Duas morenas e uma loira tinham ido ao deserto, num carro de tração às quatro
rodas, para admirar as dunas e os seus movimentos ondeando como se fora num
oceano. Mas nem sabiam o que Sol e o calor lhes destinavam, porque o carro
pifara, causando-lhes sentimentos desesperados. Sabiam que nas areias do
deserto a possível salvação obteriam.
Vá-se ao deserto |
E por desfortuna delas nem um pequeno
oásis não viam e miragens nem vê-las! Por
mais pequeno que fosse, pelo mesmo caminho iam andando trôpegas, aos tombos e
trambolhões que o filho da puta do calor caindo pesado e sufocante abafavam . E
de repente uma das morenas parou e atirou-lhes uma sugestão: elas tirassem uma
parte do carro Para quê? Respondeu a outra morena já pejada de suor. Foda-se! Precisas que te explique ou queres que faça um
boneco?
Nem um oásis |
As coisas estavam a dar para o torto e para evitar uns
sopapos decidiram levar uma parte do carro; a primeira morena adiantou: eu levo o radiador, pelo menos bebemos água.
E a segunda morena: boa! Eu cá levo o tejadilho sempre nos cobre do Sol. E virando-se
para a loira: que levas? E a loira respondeu: prefiro levar uma porta… Caramba! Uma
porta!
As morenas entre-olharam-se e repetiram: Uma porta????
A loira já exaltada encheu-se de brios: vocês ainda se vão chorar por mim, faço-vos
uma falta; Depois vão chorar na cama. As mornas já irritadas: porra! Não nos
fod… digo, trames. Por que raios vais levar uma porta: E a loira: se houver muito
calor baixo o vidro da para gozar uma brisa…
Não sou fã de anedotas que inferiorizem pessoas, sejam elas loiras ou morenas, amarelas, brancas ou negras, alentejanas ou nortenhas, nunca consegui ver graça, nem entender as gargalhadas de alguns, mas... cada um é como cada qual e eu serei, aos olhos de muitos esquisitinha.
ResponderEliminarEm contrapartida gostei de recordar a história de Pedro e Inês.
Boa noite Sô Henrique
Querida nonamiga
EliminarAdmito o teu modo de ser. TU ÉS SEMPRE VERDADEIRA E FRONTAL
Mts qjs do que é teu amigo
Henrique, o Leãozão
HenriquAmigo.
ResponderEliminarTambém não sou afeito a anedotas que depreciam sobremaneira outrem.
Como sabes sou lusófilo e, nesta condição, fico exasperado quando ouço
- aqui - piadas infames proferidas pelos meus patrícios alusivas a lusitanos.
Parvos são estes meus patrícios mentecaptos.
Mas cá entre nós, que ninguém nos ouça ou leia, a loira da porta foi, como diriam meus amados ex-regidos: "da hora","mó legal", "porreta" e acrescento: supimpa.
Muita força para ti, bem como para tua valorosa e destemida consorte, a Dona Raquel, por amparar teu irmão Braz, numa fase da vida que ele precisa do apoio incondicional dos entes queridos.
Tu és 4 anos mais velho que o Braz.
Forte e solidário abraço.
Caloroso abraço. Saudações solidárias.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.
Casto confradamigo
Eliminarquanto aos dois primeiros parágrafos peço-te o favor de leres a resposta que dei à querida nonamiga.
No que concerne ao meu irmão Braz e às palavras que endereces à minha querida Raquel só tenho que te agradecer.É nestes momentos mais difíceis que só posso agradecer. E lembra-te do ditado que diz É nos momentos mais difíceis que os Amigos aparecem
E tu és meu Amigo. Do outro lado do Atlântico a diferença que nos separa é a mesma que nos une.
Já te macei demais. Por isso recebe um abração to teu amigo
Henrique, o Leãozão
Boas anedotas
ResponderEliminarhttps://retromaggie.blogspot.pt
Querida Magdamiga
ResponderEliminarMuito obrigado
Henrique, o Leãozão
Isto é que é imaginação. Uma lição de história para contar uma anedota. Sim senhor. Gostei
ResponderEliminarUm abraço e bom domingo
R: para a sua frase de que escrevo com a velocidade do galgo a correr na planície, é que eu já ultrapassei os setenta amigo. Nesta idade a vida já não é longa, e eu tenho tantas histórias nesta coisa que trago em cima do pescoço...
Elvirinhamiga
ResponderEliminarMuito obrigado
Tenho de juntar com a velocidade do galgo a correr na planície ou como o Speedy González :-))))
Qjs do teu amigo da velocidade
Henrique, o Leãozão
Confesso que, vindo de uma família de morenos, nunca fui muito apreciadora de loiras. Até que a vida me presenteou com uma bebé loira de olhos azuis. E de tola não tem nada. Adorei o textículo.
ResponderEliminarQuerida Maria do Mundamiga
ResponderEliminarParabéns pela bebé loira! A propósito como é que ela se chama? Tenho a certeza que é espertíssima. Mas pode ser uma negação das loiras na generalidade... e na especialidade...:-))))) E muito obrigado por adorado este textículo.
Qjs do
Henrique, o Leãozão
Oh meus deuses!!! Pobre loiras.... E, apesar de tudo, as mulheres não param de pintar os cabelos de... loiro... Burras e masoquistas!
ResponderEliminarBeijinhos de uma não-loira...
Querida Gracinhamiga
EliminarTens muita das loiras; mas a pesar disso essas mulheres continuam a pintar os cabelos de... loiro... Burras e masoquistas! (quase te plagio.:-))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Bjs da Raquel e qjs do teu adorador
Henrique, o Leãozão
Oi Henrique
ResponderEliminarReclamastes que ainda nao te visitastes,mas sim,estive por aqui ja faz um bom tempo rs Vou levar o link senao passa despercebido. Minhas desculpas.
Estive afastada dos blog's por motivo de saúde. e estou voltando devagar até me enturmar,de novo rs
Qto ao texto e sobre as loiras algumas de fato nao merecem_ as 'originais 'sao bonitas já as de 'farmácia' essas até fazem jus as brincadeiras de mau gosto.
Um abraço grande.
Querida Lisamiga
EliminarFoi há tanto tempo que eu perdi a conta.. Poizé levar o link é boa política. Eu sei, depois da maldita bipolar compreendo-te
As loiras são sempre...loiras
Qjs do Henrique, o Leãozão
rsss, esse final da loira foi medonho!!! Das tantas "histórias" que conheço, não escutei nem li algo parecido...a porta do carro!!
ResponderEliminarE quanto a Pedro:
"tomado dum furor louco mandou executar os fidalgos assassinos arrancando-lhes os corações, os pulmões e os fígados pelo arcaboiço".
Que coisa horrorosa!!!
Beijo, uma ótima semana!
Querida Taisamiga
EliminarFoi, realmente medronho...oops. medonho... para baixar o vidro da janela...
... e a culpa, vendo bem a coisa, foi o D. Pedro. Que ideia estúpida de ir à caça deixando a pobre Inês sozinha. A vingança do Rei inarrável
Qjs para mnha querida brasuca do Henrique, o Leãozão
Afinal pregas-nos uma lição de História para nos mandar pró deserto! Com loiras ou morenas dá no mesmo: sede, muita sede.
ResponderEliminarValhem-nos as santas. Duas morenas e um loira? Por que não três louras ou três morenas, para evitar zangas?
E, no fim, para cúmulo, tomai lá, que é democrático: uma portagem da brisa!
Grande abraço.
Caro Agostinho tens tanta graça :-)), embora a minha seja melhor c'a tua.
EliminarDeixemo-me de comparações Eu devia dizer sede, muita sede. Então por que bulas não teriam buscar uma bujeca no meio do deserto.
Balhem-nos santas... oops mãezinhas julgar com a pronuncia da gajada do Nuerte, valham-nos, minha mãezinha! É toucourt courte uma questão de matemática; podiam ser quatro loiras ou quarto morenas; E, senão sabes, ficas a saber: tenho carta verde.
Abç do moreno acastanhado,
Henrique, o Leãozão
Velhinha mas dá sempre para rir
ResponderEliminarLoira burra, não era assim a canção??
Aquele abraço para tu, beijos para a Raquel
Caro Coimbramigo
EliminarVelhinha: velha? Mão velhos? idosos sim (politicamente correcto...)
Da canção? Nem sei niente dela; ou quiçá não me ocorra. Ando tão balhelhas que nem sei o que digo... :-((
Triqjs às trimininas e abç para tu
Henrique, Leãozão
A louras sempre deram que falar. Para o bem e para o mal. Gostei do teu recurso ao Camões e à História de Inês de Castro. E confesso que achei a anedota deliciosa. Espero que estejas bem.
ResponderEliminarUma boa semana, meu Amigo.
Um beijo
Querida Gracinhamiga
EliminarFaz-me feliz: gostaste de tudo; eu te agradeço também pelo estado da maldita bipolar.
Qjs do teu
Henrique, o Leãozão
Estou a acusar o toque, às queixas de não passar por aqui mas, isso não é verdade, tanto não é, que o meu comentário consta entre os primeiros, afinal de que se queixa hã?!
ResponderEliminar:-))
Boa Tarde Sô Henrique
Querida nonamiga
EliminarTouché... :-(
qjs do quetadora-te
Qjs do sô Henrique, o Leãozão
Olha, ficou de beicinho :-))
EliminarQuerida nonamiga
Eliminar:-))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
Eu com qjs
Eu costumo usar aquela da casca de banana. Éinevitável, hehe.
ResponderEliminarQuerida Dianamiga
EliminarBoa! :-)))))))))))))))))))))))))))))
Pois bem, Henrique, eu não gosto das loiras.
ResponderEliminarGosto sim, dos loiros.
O meu loiro não é nada burro, é sim, muito bonitinho.
Querida Teresinhamiga
ResponderEliminarBoa! O Loiro merece...
kleine Käsen
Querido HenriquAmigo.
ResponderEliminarQuando me dizem sentir saudades minhas...não resisto; derreto-me toda como manteiga exposta ao calor do deserto...
Se há história de Amor que admiro e prezo é a de D. Inês de Castro e de D. Pedro! Maldito Afonso IV...
Mas a vingança foi cruel!
Eu não gosto de loiros, sabias? Adoro morenaços, assim tipo ciganos.
Como sempre escreves bem no teu estilo descontraído e leve, para nos fazer sorrir. Gostei. :)
Beijinhos para a querida Raquel e um abração para ti, Leãozão!! :))
Querida Janitamiga
ResponderEliminarApareceste tipo Virgem Maria (Creio que percebeste, mas pelo sim, pelo não explico pedindo-te desculpa por o fazer. Então; Apareceste>>>>>Virgem Maria :-))) )
Tenho uma ganda dívida,...oops, dúvida: manteiga dos Açores ou mangaria Vaqueiro?
Tou d'acordo; eu vingareime do cabrão gajo que furou os pneumáticos
Também como tu adoro os moren... 'da-se (para pan...oops já basta o Maricas do Malato; adoro sIIIIIIIIMMMMMM as morenas e as mulatas - fiu,fiu, isto quer dizer assbiar :-))))))))))))))))))))))))
Bjs da Raquel (goesa e consequentemente morena) e qjs no sítio do costume do teu admirador
Henrique, o Leãozão
Gostei do nome travessa,
ResponderEliminarPois moro em uma também:
A Carreirão. E convém
Dizer que acham avessa
Tal palavra como essa.
Só há ela e já não tem
Mais alguma, sei porém
Que em Portugal, há à beça.
Gostei das fotografias
Das loiras lindas e esguias
E também tão sensuais.
As piadas, são manias
Aí, aqui, e em outras vias,
Hilariantes e iguais.
Gostei imensamente do espaço com o qual eu me identifiquei bastante. Parabéns! Grato pela partilha! Voltarei, Henrique - o Leaozão. (Eu sou um simples leãozinho e, de signo zodiacal, apenas). Grande abraço. Laerte.
Caro Silo Líricamigo
ResponderEliminarEstou tão eufórico que já mando fogo de artifácio..., digo, de artifício e mandar garrafas de champanhe para lhes fazer saltas as rolhas - pum!Cs'tá claro que o motivo destas comemorações é a primeira das muitas vezes que aqui chagas... oops chegas aqui.
O teu soneto é o exemplo do que tu és um verdadeiro poeta; nem vale a pena que gostei, gostei muito. Parabéns.
Fico à espera de nova vinda :-))))))
Abç do Henrique, o Leãozão
Antunesamigo,
ResponderEliminarO Marco Paulo, como quem não quer a coisa, descobriu o ovo de Colombo da questão, abrangendo dois amores: uma loira e uma morena. Será que foi apartir daí que surgiu a expressão "politicamente correcto"? :)
Abração